14 dezembro 2011

Dias mais tranquilos

Com 1000 visitas em seis dias este espaço mantem-se mais visto do que os anteriores. Hoje definitivamente mandei a morsa para o mar, sem arrependimento, e para comemorar republico: 




Desde cedo vinha com dor de cabeça, mas aquele devia ser um dia mais tranquilo.
O carteiro esqueceu meu endereço, ou estou mais organizado do que antes. A única missiva foi o aviso de que havia uma encomenda na posta restante. A esta altura nem lembro mais onde fica a sede do correio, mas não lembro também nem o que almocei  a pouco, e isto me incomoda, assim como não conseguir evocar o nome de alguns amigos não tão distantes, mas necessários em horas importantes. Volto a cefaléia, ou será que não falei nela?
"Começou como uma fisgada no lado direito depois passeou sobre os olhos até o outro, alojando-se por fim fixamente na mandíbula, atrapalhando raciocínio e  senso."
Por isso esqueci e tornei a atender todos os telefonemas como intransferíveis.
Meu cachorro tem cara de leitão, e não entende porque não brinco com ele, retribui meu raro afago com careta e só não lhe  boto a língua  porque, mesmo só, sentiria-me  ridículo.
As ligações são de banco oferecendo cartão sem limite, quando deveria ser sem crédito; uma moça, perguntando se eu não tinha emprego para lhe oferecer - oferecida - diz que podia ser desde babá a faxineira, talvez meu filho, adolescente, até gostasse, mas estou de cara com seu rendimento e tantas saidas sem volta pelas madrugadas, que dispensei a coitada. Entre outros, ela...
Ela, sempre ela, a insistir preocupada, não sem antes reclamar do porquê em demorar para atender o telefone. Queria saber se havíamos ficado bem na outra noite. Quis ser grosseiro, mas, como sem óculos  não identifico  chamadas, atendi na simpatia. Era para inventar  uma desculpa para a rápida despedida, ou ter citado alguém para alimentar  o imaginário doentio e ciumento -mas sou péssimo para nomes nesta hora. Bem, que cada um passe por seu momento, no de hoje sou um telefonista  portador de enxaqueca, e me rendo.
O vinho - foi ele a unir as duas passagens. De baixa qualidade, e doce, não foi suficiente para aquecer o ambiente, nem  as velas -  nanicas - que apagaram-se  nos preâmbulos.
Ela, sempre ela, falando sem parar  de seus problemas cotidianos, constante até que minhas veias passassem a pulsar mais do que pelo efeito do álcool ou pelo cheiro da benzina que, enganado, usei para tirar o resto de parafina.
O telefone toca, novamente, o tinido repercute no cérebro que não quer mais discutir a relação, nem os fatos ou o sistema.
O que foi mesmo que encomedei pelo correio? Tomara fosse uma nova cabeça. Não... foram velas - místicas e milagrosas.
 Na posta, a aposta tardia, de distantes dias mais tranquilos.

Um comentário:

tarciso disse...

O endereço pode mudar, mas a sensibilidade criativa permanece para além da morsa...