27 dezembro 2008

Tchau

Ao sair, já tarde, comentou... voltaria.

Afeito a carregar brinquedos, cada vez mais sofisticados, empurrou o que podia no fundo dos bolsos e com os fios sobrando por fora das calças correu para o destino que o esperava. Contava com os poucos trocos que foram acumulados, quase nada perto de tudo que havia custado ter chegado vivo até ali, mas o suficiente para sobrepor os inconclusivos compromissos.

Sabia que alguém poderia ter ficado triste, talvez até chorassem, ou não, quem sabe o amor fosse tanto que fizesse compreender de forma menos egoísta, dos outros, as necessidades suas. Mas não seria assim, do contrário, o anúncio da volta talvez tivesse sido verdadeiro. E não sentia, de forma alguma, um aviso cínico ou dissimulado, alivio foi o modo determinante, aliviado, e despretensioso, para abrir-lhe o caminho.

Ao sair, já tarde, determinou... não havia volta.

26 dezembro 2008

Arte

Antes que seguisse,  esticou-lhe os braços e entregou-lhe uma caneta. Espaço. Com ela, mesmo que não  percebesse, rabiscou em cada dia o pano de fundo, os caminhos e as possibilidades várias de um trajeto. 


Traços simples, riscos toscos, linhas imcompletas, mesmo que tentasse, e fora dele, somente a alguma distância seria possível atribuir-se um sentido.

Mas algo mais é impreterível, o entendimento do realizado.  Tento dar-lhe um lenitivo, quem sabe um  número pela esperança e assim também firma-lo como idade? Mas artista não mensura, nem atitude, nem comportamento, então ofereço algo entre o nascimento e a morte. 

Angustia a falta de prazo. Infinita é a tinta e a vontade.

Para o passo, que incita, iniciativa é a intenção da vida,  o desafio entre o desejo e o tempo. Para a obra e celebração de término, para o júbilo, aprazimento e gáudio, a compreenção madura de que o que importa não é a obra, mas sua essência.

12 novembro 2008

Leitura


Leitura, originally uploaded by Camafunga.

18 outubro 2008

Fresta

Quantos tempo sem abrir as janelas?
O suficiente para esquecer da vista, por isso, me surpreendi com o que vi. Não faz sol nem chuva nesta casa, mas, lá fora, o clima muda de tal modo que fica difícil definir estações e clima.
Meus pais saíram cedo o que confunde a noção de horas, eles trocam de atividade e emprego como eu de humor, tanto, que não sei qual deles me sustenta ou se me falta. 

Sempre quis um animal doméstico, agora teria a quem dedicar afago, mas sobram papéis com notas e roupas, jogados pela casa. Bagunça dedicada. Em meio, leves só os tecidos que mantém-se perfumados para sustemtar nostalgias, seletivo, recordo um período mais antigo onde o que era novo é o que  hoje me traz enfado.

Abro de canto até que a luz incomode e irrite, desvio o rosto com desconfiança do que resta desta via. Custo, mas consigo acostumar-me ao claro apelo de sair a busca, até as roupas aproveitam roubando novas cores para se  mostrarem vivas, eu, renitente, permaneço sem camisa. 
Nú em esperanças penso se retornam, ou terei que enfrentar o tudo sozinho? 

Os textos são de contas e cobranças, alertas para que não caiam no esquecimento, projetos não cumpridos associados a  tarefas de longo prazo. 

Opto por fechar, de leve, como se apagasse um curto filme, tão curto como o tempo e esta escrita,  que me restam para colocar  a casa em ordem.

18 setembro 2008

Relação


XX-X, originally uploaded by Camafunga.

13 setembro 2008

Âncora


Âncora, originally uploaded by Camafunga.

Reflito nas cores que o sol descobre, modulo como as ondas que embalam a vontade de calmaria, fixo minhas idéias até que alguém também embarque.

18 agosto 2008

Segunda -feira

Afasto as meias do teclado para ver se acho as letras. Tem mais de um copo aqui do lado, café e refrigerante, restos de um domingo de chuva assim como os farelos de bolachinha que jurei nunca mais comer junto ao computador. Olho de esquina para a cama desfeita há dois dias e desvio para a TV que não cobra, mas, não me diz nada. Sinto falta de algum dos felinos que ja tive e que fariam festa em tanta roupa espalhada. Se o círculo esta assim, quem dirá minha cabeça que insiste em se expressar.

Arredo os medos dos hormônios para ver se organizo meus pensamentos. Há vários sentidos tomando forma, pedaços de um dia mal aproveitado, borras de incongruências e bolhas de intenções não realizadas, que acreditei ter deixado de elevar junto a vida prática. Reflito por flagrante no leito desfeito e a vejo junto aos gatos como um delírio de instante. Se minha alma não se veste, por que me atrapalham os panos? Volto ao entorno e me reencontro.

Acolho um som que vem da rua, sirenes afastam o passado, enfim, hoje é segunda, mais do que eu, um dia prático. Por que dispensei a faxineira? Não vou seguir de carro! Gritos para que eu levante e arrume o corpo, considerar também os membros, enrijecer o tronco. Músculos mal aproveitados, olhos projetados por um sono sequelado. Bate o coração como bomba a espalhar apenas resultados. Contas, horas e trabalho, horas, roupas e retalhos. Invejo aqueles que se ajustam. Outra vez panos e gatos.

Não sei qual melhor argumento, o caos interno ou o intento? Lembro tanto de meus bichos que dispenso todos ritos. Mesmo assim vou-me embora, sem retorno mas com demora. Preferia o domingo mesmo com toda madorna.

16 agosto 2008

Arte

Em meio a tantos se aproxima. Passa entre, e chega até a parede branca, muito branca. Observa a tela de cimento e cal e lamenta não trazer seus instrumentos. Alheio ao povo que esbarra e segue, vaza o que o cândido vazio impulsa. Lateja uma vontade imensa, mas, sem grafite, grafita na idéia o que gravita além do que é possível ser percebido. Invade sentimentos vários, corre a mão no imaginário, traços e cores em especial agito. Aves encontram seus ares e seres mergulham em pura liberdade, treme em euforia solitária, perfeição de formas e juízo, nem abstrato nem definido, apenas sentido. Evitam, sem desculpas, passantes e corridos, entre as personas se afasta, falta público para egoísta arte, fica apenas a parede branca e a lamentável perca de uma oportunidade.

01 agosto 2008

Pelotas


Pelotas, originally uploaded by Camafunga.

Há mais de uma forma de enganar-se. Não sei se prefiro a rama ou o calcário, não defino quem chegou primeiro nem quem vai morrer a frente. 
Há mais de uma forma de assitir o mesmo evento, as ideias voam em perdidos entendimentos, ora gosta, ora repulsa. Aceito que devo me curvar as horas, mas não sei se sou de pedra ou sentimento. 

31 julho 2008

Passeio


Crianças, upload feito originalmente por Camafunga.

Corro contra o tempo. Muitas vezes o recurso esta a mão. Me dá na veneta acreditar que existam portas internas que levem à aquietação e ao acolhimento, e basta o uso de chaves certas para chegar ao aprofundar-se.

Adoro caminhar, adoro música, e no encontro destes feitiços viajo além do que vejo. Ruas, antes tristes de minha infância, viram belas referências, espelhos mágicos como de Lewis Carrol. Vou ao socorro, para ver se me acho, e transformo cada imagem em um sentimento que me compreenda. Manso, retomo de outra forma o que me incomoda, troco as cores por outras mais vivas e regresso esperançoso, como a criança de minhas ruas, como se o tempo não tivesse tanta importância.

09 julho 2008

Idéia

Perdi um post e com ele um pensamento. Tudo porque fui dar razão a quem me criticou. Devia ter sido mais seguro e ter deixado a declaração que havia ali, um recado importante com endereço e remetente, uma verdade disfarçada por metáforas. Meus conceitos são translados, como meus dias e meus afagos, nada é como se apresenta e é isso que traz apuro. Quando lamento, vibro, se acredito, choro. Não há um caminho único para o fim que desconheço, nem uma evidência que me torne inteiramente claro. Aqui, como de resto, não passo de uma metonímia, portanto continuarei escrevendo. Serei melancólico, mesmo estando vivo, e quem sabe com graça redija de outra forma uma tristeza. Perdi um post mas não perdi a idéia, esta volta nova em outro texto.

30 junho 2008

Momento

Achei o local que queria. Não por muito tempo, pois minha inquietação não vai permitir que fique aqui por perto. Abstraio por hora qualquer solicitação e deixo que a única demanda seja o silêncio e, quanto muito, o som distante das ruas.
Dia nublado é o melhor para cabular aula, dia de sol, para conversar com as paredes, de preferência de casas alheias. Se tivesse mais claro sairia para trocar idéias e, quem sabe, acatar conselhos, concretos, como dos antigos e vividos prédios.
Tenho um livro em minhas mãos, suas páginas me confortam, o título instiga pensamentos e me vejo em outro texto sem que ler seja preceito. De esguelha, e a minha maneira, espio a vida que passa, mas a vida que a vista atravessa é apenas a vida sem pressa, idéias mal concebidas, além do que perceba, mexem o olhar de fora para o que tenho por dentro. Meu mentor é também tormento, o mesmo clamor que induz á calma depois atiça e desperta. Achei o local que queria, mas meu mundo é turbulento, achei o tempo certo, este tempo é o momento.

28 maio 2008

Idade

Sinto nas primeiras letras que vou tropeçar nas idéias, sinto, na rapidez do pensamento, e pela forma que meu coração responde, que não vou conseguir fechar uma delas. Estou aberto, como ao me emocionar por uma música, cuja letra não entendo sequer o idioma, estou só pela entonação e pelo propício do clima. Abro, mais uma vez e ao acaso, o velho livro de meus dias e chego sempre nas mesmas páginas viciadas, nem adiante nem no início, quando ainda havia fôlego para enfrentar o que viesse. Conheço cada linha e todas frases, expio pelo que já deveria ter sido elaborado e condeno todas atitudes como se fossem apenas minhas, mas não são e então me acalmo. Aperta, pela falta de dias mais completos e esqueço o que de fato poderia. Sou a redenção de minhas idéias, daí não consigo evitar o ritmo, por isso em cada pausa um trote e em cada frase um recomeço, como os dias que não acompanham o pensamento.

26 maio 2008

Volta

Não é sensação nova, contrario, há algo que quero dizer mas não consigo. Fica piscando aquela luz do messenger chamando, antes seria o telefone ou qualquer outro meio anárquico de comunicação. Tenho vontade de sair caminhando pela rua, sei que não são mais as mesmas ruas mas me engano com a memória e com as falsas companhias, são as solidões, no entanto, que instigam e atraem os mesmos desamparos, e com isto, esqueço dos riscos de sair porta a fora para voltar, sabe-se lá quando, de um mesmo ou pior estado.
Fui despertado, sempre haverá algo para trazer estes momentos, mesmo que mudem os personagens, incomoda esta crescente intensidade. Eu disse, pior que não ter, é ter, mas somente a esperança, mas, ela não me ouve, permanece melindrosa a todas as dúvidas, só e suscetível. Esta frase me muda de lado, mas seria apenas um exercício, sou eu quem tem dúvidas, sustento, alimento e me abrigo em inseguranças, mas não desisto, também sou eu quem volto mesmo quando acho que é hora de partida.

11 maio 2008

Energia


Pracinha, originally uploaded by Camafunga.

Estou cansado de escrever, ou sem vontade. Hoje quis sol, dias nublados de outono, salas fechadas de trabalho. Espero os dias com a esperança de folga e luz.

Meu amigo se ilumina como criança e fala um tempo que não acompanha a idade, observo calado e recolho a observação para no momento certo revela-la como conhecimento e sabedoria. A cada dia aprendo mais no que acumulo. Pena, estou cansado para escrever, e por fim não dou espaço para abrir os minhas caixinhas, tampouco organiza-las. Acho que ja tive idéias com estas devo ter recantos que se sobrepõem sem chegar a nenhuma novidade. Deus me livre da demência seria como embaralhar todas estas informações de tal forma a nunca aproveita-las, nem difundi-las, nem ensina-las.

Também quero fugir das salas fechadas, nem que seja por momentos, meus ossos pedem o sol como catalizador de vitaminas, meus olhos para tirar o mofo das retinas, minha mente para localizar melhor tais pensamentos.

Pena que estou cansado, ou sem vontade de escrever o que me invade, o sol invade, a tarde, dias nublados de outono me esperam, espaço, luz e oportunidade.

05 maio 2008

Despertador

Acorda, é hora!

Meu relógio tem defeito,
sem sentido, roda, roda, rola.
Ao chão.
A cama atiça e o corpo rola, rola, rola, roda.

Enjôo, não!

Volto ao tempo sem motivo,
antes tarde do que sempre,
nunca, é nunca como agora, é hora, hora, ora!
Sente.

Minhas roupas estão desfeitas,
Uma pende ao colarinho,
teu vestido, lá, sozinho,
pede, pelo avesso,
mofa e repete,
amarrota,
torce e despede
de meu amarrotado carinho.

Vejo o dia no aguardo
Uma mesa me espera
o café esta passado, nada mais é o que era.
O amargo
vem do hábito,
O gosto
vem do hálito,
Mas a cama, ainda morna,
esta ora, rola, roda e verte.

Meu desejo era ver-te
mas não sei mais a que hora
meu relógio tem defeito
tem o tempo sem sentido
o sentido sem ter tempo
rola, rola, rola e rola.

preciso tratar da vida,
preciso despertar,
embora,
precise encontrar motivo
por isso...

Acorda, agora!

01 abril 2008

Despertar

Morri sem perceber.
Penso em abrir os olhos para confirmar, mas tenho dúvida. Visões antecedem o despertar, e confundo o frio intenso com o calor das últimos horas, terei que decidir desde a roupa que ora me abandona até se usarei meus óculos. Será que ainda enxergo ou somente sonho estas imagens que aguardo? Quero tocar de leve, e sentir, há um corpo aqui ao lado ou apenas um revirado? Invade um aroma sutil e agradável, agora até o eter quer reter na mistura sentido e matéria. Vou permanecer, mais um tempo, imóvel, afinal percebo-me inerte, rijo, embora leve. Meus pés se depositam sobre algo, os lábios que de sede salgo, a saliva do que me parece gosto alheio, é puro e pulsa coração e veia, mas se estou morto lateja apenas um desejado devaneio.
Morri sem perceber, e posso não estar só nesta passagem, será que devo liberar a vista? Flutuo numa conquistada realidade, liberto, caso fique confirmado o medo é falso e maltratado. Hesito, prefiro é acreditar nisso mas posso precisar morrer para permanecer vivo.

23 março 2008

Páscoa


Diário da MOrsa

20 março 2008

Tempo

Quem me conhece, e sabe destes dias, deve estar esperando algo maravilhoso por aqui, mas, eu ja disse a quem me acompanha, este espaço é atemporal, e nem sempre corresponde aos sentidos e, tampouco, acompanha os momentos, sejam bons ou ruins. Aqui posso me surpreender se o homem chegou ou não a lua, porque prefiro imagens vindas das poesias, das letras de músicas, de satélites imaginários e brilhos cor de prata, e nem importa os grandes avanços da tecnologia, porque posso ainda ficar ansioso por não receber uma mera carta, porque meus desenhos sairam tremidos, ou se meus textos não são correspondidos. Que sintonia, se aqui pode ser ontem ou algo nunca vivido? A criança espera que o dia não passe e que a noite seja breve, se vivo um novo dia, e é bom, ótimo, mas ainda assim vou me recolher aos quartos quando escurece e olhar para as janelas que protegem dos pensamentos mal compreendidos. Mas, se querem que eu diga, estou feliz, mais leve e iluminado, embora, na mesma dimensão de minha sensibilidade, por isso não mudo, mesmo que nunca fique calado.

10 março 2008

Ultímos passos..

Não é ainda o momento, é só o passo, mais um, ou menos.
Luto é rever a perda como irreversil, o inverso do parto como diz Chico Buarque, mas não deixa de ser uma gestação para nova vida, o meu esta no fim, como as horas que mantém a escuridão da noite e vulgariza seus mistérios depois que surge a luz do dia.
Queria que o tempo revertesse algumas perdas como se nunca tivessem existido, mas ai não teria jamais do que sentir saudade, mesmo a má nostalgia é um recorte da vida e no mínimo um aprendizado, até a dor é prazerosa depois que passa, nada é em vão, mas não é ainda o momento para despejar uma crônica que nasce pronta e cujo título me persegue por tantos anos.
Os passos foram dados, cada dia mais um, ou menos.

08 março 2008

Amigos

06 março 2008

Metropole Relativa

Agora percebo até onde seria possível, muito antes de ser o que vim a ser, descobri como terapia o desbravar de uma cidade maior e de sua nova e estranha cultura. Os meios justificavam os caminhos e cada fim-de-semana era como uma terapia completa, e foi assim que me encontrei estando perdido num mundo que parecia tão grande e tão mais completo, um mundo cheio de possibilidades e enfrentamentos, onde só fugi das regras e cresci vencendo as impossibilidades, os preconceitos, as normas e a moral que pareciam ir se perdendo na estrada. Foram anos de ruas e esquinas, todas com nomes difíceis e que trocam de repente quando nos acostumamos, metrópole ao mesmo tempo suburbana em sua vida alternativa e louca, coisas que só poderiam ser apreciadas se desacompanhado, meio bandeirante em estado alheio, atrás das minas dos sentidos, dos desejos e da juventude em idade. Porém a mesma estrada jogava as conquistas na volta por tanto tempo perdidas até entender, pelo amadurecimento, que a riqueza estava dentro do personagem e não no cenário, até descobrir que o potencial era da comunicação e sensibilidade que permitia compreender os sinais que poderiam estar ali ou em qualquer parte do mundo. Então, aos poucos, fui construindo aquela metropole dentro de minha realidade cotidiana, transgredi em minha casa, dei a curva em minha vida, vivi a própria cidade imaginada e esqueci, por não ter necessidade, de voltar a visita-la.
Retorno agora num momento de reavaliação e comprovo, não existe outro, consigo carregar aquele mundo e seu potencial onde, ou com quem, quer que esteja. Muito bom saber disso, meu caminho sera ao mesmo tempo mais longo e mais próximo, pois optei por fugir de estradas e falsos atalhos a me construir internamente e hoje percebo não sou o mesmo, nem minha relação com estas imagens. Porém, aproveito e digo, que ninguém tem o direito, nem a menor capacidade, por ser interior, por necessitar de cultura apurada, vivência, percepçao e sensibilidade, de furtar esta conquista. Mesmo que tentem, já é minha.

17 fevereiro 2008

Sem fotos

Gostaria em primeiro lugar de agradecer a todos que me visitaram como enfermo no dia de ontem, pena que minha imobilidade não tenha permitido fotografar a festa que foi a casa. Meu pós-operatório foi bem mais agradável do que a cirurgia em si, com direto a carinhos especiais de todos os lados já que anestesia foi econômica, como se tivessem arrancado um siso apenas com pomada de xilocaína. Estiveram aqui o Roberto, o Célio, a Celeste, a Ana Paula, a Vera, pai, mãe, filhos e espírito santo, Felipe, Charles, fora os telefonemas do Joel, da Cristina, da Rô e companhia.
Tem um hematoma enorme na minha virilha mas meu filho disse que minha vida sexual sera recuperada sem aquele adorno sobre o púbis, palavra de adolescente.

Segue a novela e e-mails piratas e orkutes falsos, só posso agradecer estar fora de tudo isso, é a minha mensagem no msn atualmente. Fico com dó da vítima embora concorde com as palavras de um amigo...

13 fevereiro 2008

Por todas as mídias.

Antes seriam livros jogados por gavetas e prateleiras, ou bolachões, igualmente empoeirados a lembrar tempos congelados, mas, nesta tecnologia de sons puros e objetos binários, sobram mesmo são discos metalizados e textos condensados em arquivos limpos e organizados. Não carregam ácaros, nem outras sujeiras, mas mantém, pelo menos, a clareza e o brilho da memória. E eu vivi estes dois tempos, da lembrança física de encontrar uma foto perdida entre as páginas, um recado, uma dedicatória ou um grifo de caneta bic, e outro, este, que só agora descompacto desde bits a velhos sentidos, e percebo, que mesmo sem saber, era moderno, bem antes de ser simples.

Encontrei, talvez, os amigos certos, e as melhores companhias, encontrei o fio perdido, a linha que une a cultura ao sentimento escondido, e volto a me emocionar além da dor, também com a mente. Sou papel e tecnologia, mas não deixo de ser quem sempre fui, eu mesmo frente a tudo que me foi dado e adquirido, séculos de outros pensamentos, anos de uma criação sem desvio. No entanto, este eu virou, um tempo, personagem a esconder como as notas e imagens, poesia e sensibilidade.

Viva o mp3, mas salve o LP, resgate a escrita e o que se lê, traços ou vetores, sejam quais forem os fatores, em qualquer ordem sou o produto destes momentos bem mais do que aquilo que determinei como tempo.

05 fevereiro 2008

De Drummond a Anjos

A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora...

Poucos percebem, alguns ignoram, será necessário um Sarau profano e definitivo para que acordem, ou quem sabe isso nem seja relevante. Tanto que tinha para ser dito ficou por muito diluído entre páginas e diários, aqui mesmo, muitos "e agora..." contra poucos até quando. Mas há mais o que me prenda, mais que a Augusto dos Anjos seus Eus e outras intimidades, há uma outra e possível realidade a que dá força e reinventa a realidade.

18 janeiro 2008

Letras fugidias

As letras aparecem e desaparecem da tela como se tivesse testando o teclado. As idéias vem projetadas em frases disfarçadas, sempre camufladas para que cínicamente sejam descobertas sem que seja explicitadas. O comentário era de que meu português era estranho, estranho é minha fala e meu pensamento, estranho é ainda ter que ficar sussurrando o que há muito já devia ter sido um grito. Então, preso em alguma parte, minha, mas que nem reconheço, me calo a espera de novo ouvinte, leitor, terapeuta ou técnico em criptografia. As letras somem e reaparecem em outra ordem, eu só mantenho o que sinto e tento inventar caminhos diferentes para a expressão de um único e profundo sentimento. Tento. Vem a mente as idéias puras transformadas em imagens abstratas que nem sempre mantém a dureza da realidade. É, as letras somem, as imagens se confundem, assim fica certas vezes minha escrita, na linha entre o retido e o declarado. Melhor junta-las a tirar da voz do que deve ser falado, ou desistir e de dar razão ao que não mais será resgatado.

04 janeiro 2008

Ando

Ando cansado. Não cansado pelo físico que ora melhor do que nunca me fortalece, nem pelo espírito que me acode e no momento necessário vem a mim e restabelece. Ando cansado pela vida, pelo que busco ou que tenho por convívio, pela falta de respostas aos mais simples, comuns e delicados dos princípios. Ando cansado, mas ando, e neste caminho me abalo, passo por trajetos nunca novos, quase sempre, conhecidos, são cenários mal cuidados, percebo que as vezes ando em círculos, ou são todos tão iguais que não divulgo, mas de qualquer forma vou e sigo. Tenho mais gás do que pensava, há reserva em combustível, meu solado é de borracha, chuto pedras no caminho, tem mais gente que acompanha, alguns buscam a mesma sorte, outros passam sem esforço, mas preferem seus enganos. Estou cansado mas não paro, nem que seja até outra vida, nem que me encontre em outro plano.