28 janeiro 2009

Inconciente

Prefiro não comentar meus pequenos enganos, nem os maiores, mas eles estão ai, por todos os lados.

Nem todos que me escutam são interlocutores do que chamo: pensamentos soltos, mas sofro pela crítica de um comportamento livre, como se fosse dissociado do que eles mesmos, de mim, esperam. Fazer o que? Aceitar que penso mais rápido do que atuo ou devo partir para o enfrentamento do que não me aceitam? Quem sabe, apenas não dar atenção, deixar que o tempo cumpra seu destino, porque vai ser assim, gasta-lo para questões maiores como... Sobrevivência.

Ainda sobre enganos. Cometi vários. Desde o nascimento, quando esperavam um choro breve, mas não me joguei de cabeça, e entalei na vagina parideira até que me tirassem a fórceps para ver o que me esperava. Depois, fui o único com olhos sensíveis a luminosidade intensa, e passei a enxergar franzido. Acho, também, que por isso, ficar entocado observando a tudo pelas frestas e janelas, era mais confortável, assim, conheci as coisas e as pessoas, sempre pelos pedaços, desviei meu desejo aos entrecortados, incompletos e mal iluminados. Fiz de riscos meus primeiros amigos, dos mais íntimos até os amores. Levei tempo para conseguir juntar pedaços como traços de hachuras, a definir mais claro o que seria luz, meio tom ou sombras.

Houve época de gritar, mesmo sem para onde. Quem por paredes grossas de ensinamento rígido escutaria além do som das palavras mais audazes que retornavam como velhos e fracos sentidos. O diálogo no rochedo é monótono e repetitivo. Mas soltei a voz no vazio da volta, inútil volta.

Entre o erro e o diálogo, escolho o silêncio da escrita, esta, que, a menos que não seja lida, chega certo apenas a quem importa, sem eco ou traços incompletos que o inconsciente trata de reunir e dar sentido.

14 janeiro 2009

Psicoanalise

Uma das sugestões foi de desmontar um elevador, não entendi, mas junto havia a possibilidade de fotografar, fazer um boa comida, voltar a academia. Qualquer coisa para ocupar a cabeça e afastar os pensamentos repetitivos, repetitivos, repetitivos. Agora tenho dois comprimidinhos que me acompanham, um branco e outro roseado. O primeiro agita, o segundo acalma, e assim pretendo ter a paciencia necessária para suportar a espera. Pelo menos, o dia não me parece cinza, nem escuto réquiem em meu mp4, mas ta custando a ter um sol que dure mais do que poucos minutos. Daí este guarda-chuva estranho.

Sentei de pernas abertas, da forma que seria imprópria pelos costumes que fui moldado. Não sei se seria melhor estar ou não de olhos congestos, poderia passar idéia de tranquilidade, e afinal estava esperando para ser consolado, mas se notasse tamanho sofrimento poderia magoar a quem consola em tantos anos de entendimento. 

Fui em dois, meio esquisofrênico, e não sei se meu lado melhor foi o que se manifestou o foi o que ficou de companheiro. Consegui resumir os fatos, estava com problemas que iam desde o sono atrasado até o plexo corióide. Cansado de sonhar queria poder dormir, cheio de tentar queria finalmente agir. 

E agi. Antes procurei a mãe amada na figura da esposa perdida, nas recompensas da memória alterada pelas mais recentes instabilidades, virei santo, excluido o celibato, virei um pai, modelo, pobre, mas  dedicado.
Revirei os estandartes sem achar a  beatice, exonerando os diabos com seus pactos e artífices.

Há um tempo, quando propuseram alta, ouvi um coro de dúvidas e indignidades, era como uma mãe a abandonar o filho, um espelho a proibir imagem. Gostei da piada fora de hora, da fala perdida e da risada. Gostei de ter sido comparado a um mito e mesmo de pernas inadequadas manter-me em equilíbrio.

Complexo como a ilusão da morte, sigo buscando o caminho e a saída. Falo, e me repito, repito, repito e me repito, até um dia poder, por mim, ser entendido.