28 dezembro 2006

Folga

Cassino

Esta foto tirei há algum tempo, no mesmo período de agora. Na expectativa de excelentes dias, como outrora, desejo a todos um Feliz 2007!

24 dezembro 2006

Ao contrário das angústias publicadas no Diário da MOrsa, não compartiho do mal estar natalino tanto quanto o relatado, claro que o tempo muda os sentidos e significados porque fantasias e afetos partem, desde o acreditar no Bom Velinho, isso faz tanto, a saudade de alguns que se foram de verdade. É que é fim de ano, rescaldo de doze meses, incomoda, impõe a festa, mas as responsabilidades de apagar incêndios não pulam datas, embora fosse melhor que pudessem dar um refresco, e, fora da fantasia, queria poder lidar melhor com as esperanças exageradas, as que não se concretizam, só queimam e desgastam. Enfim, tento controlar o limiar destas vontades, pois nem tudo é possível ou viável. Mas há outros que chegam, conquistas, mesmo que menos prometidas, surgem como surpresas aguardadas. Meu filho namora muito, deve ser parte do afeto que por demais é transbordado, ou ele é mesmo é safado, o outro gosta de fazer cena e hoje, entusiasmado, vai transformar sua barriguinha da implicância travestindo-se em Papai Noel real e remoçado. Tem alguém na sobreloja, meu irmão também tão próximo, há amigos que me acham, mesmo com os telefones trocados. Foi o ano da arqueologia, das fitas de imagens perdidas. E me encontro nelas como encontro os desafios, que vieram as pencas, atropelados, mas também ensinam sobre superação e conquista sobre o improvável, se os olhos atrapalham surgem outros sentidos associados. Subo a escada calmamente, o meu ponto esta centrado, e então escrevo muito, comunico as mazelas, debocho do maltratado. Tenho amigos no Orkut, atuais e do passado, fui falado em outras línguas, minhas idéias viajaram, se não fui bem entendido, por engano, fui aclamado. Minha mãe ainda se queixa, o meu pai incomodado, meras dores de cabeça, ou um móvel mal arrumado.
Vou esperar os meus meninos que estão meio atrasados, e antes que seja tarde desejar a todos boas festas e mais um ano recheado. O extintor esta a postos e eu agora mais aliviado!

18 dezembro 2006

Sinais vindos da MOrsa

Sem perigo, continuo não gostando, no entanto assisti. E não posso dizer que tenha sido tão sofrível, valeu um telefonema para a mãe anunciando o fato, mas, antes do que pela música, ou por alguns convidados que pudessem compensar o Rei, havia a aclamada cura do TOC até então marca registrada do RC. Nisso valeu toda pena, porque consegui, talvez pelo convívio de algum amigo que desse mal também padece, perceber, não sutis, mas consideráveis progressos, desde a indumentária, embora ainda azul, menos aguada, até o prazer de se permitir cantar algumas pérolas da Jovem Guarda, até então proscritas como Negro Gato. Minha mãe, em sua superficial avaliação, deve ter ficado orgulhosa, imaginando que finalmente apresento sinais de senilidade, digo, maturidade, esquece ela que em criança, abraçado em régua métrica, daquelas amarelas, comuns pelos setenta, imitava os trejeitos, maneirismos e expressões sob uma platéia de senhoras dentro da falecida Casas Pernambucanas. Não vou comprar o disco, nem da-lo de presente, mas confesso que não foi tão ruim assim.

Por falar nisso, consegui finalmente, encontrar algo que realmente marcou, a minha infância e de muitos jovens da mesma faixa. É o Comercial dos Cobertores Parayba, aquele coma as crianças convidando para dormir, no nosso caso, um despertador diário as avessas e que funcionava sempre. aqui

10 dezembro 2006

Louca no provedor

Apesar de que alguns nem percebam, mais uma vez, tive que trocar de provedor. O provedor anterior, pago, bloqueou os ips do Blogger não permitindo atualização. Deixando estas questões técnicas para lá só quero informar que alguns links não irão funcionar num primeiro momento. Desculpas...

07 dezembro 2006

O Fim

Acordei desesperado, por um medo sem sentido, um temor de ser atravessado pelos problemas que chegam com o dia. Mas não lembrava qual o dia, se era segunda, quinta ou feriado. E é terça, mas nem parecia, pois todo tempo em que fiquei parado confundiu meu fuso de trabalho, não bastasse o horário falso, muito que mal adaptado, havia o retorno a labuta , o que queria ser negado.
A luz entrando franca, pela falta das cortinas, que apesar de pagas, não estavam instaladas, incomodava mais do que o calor que não firmara. E é terça, mas bem que podia ser sábado, ou quarta, onde estaria, ai então, bem atrasado, algo além do mal estar, menos mal que imaginário, mas que também não suficiente para todo mal ser explicado.
Há muito associei depressão a pesadelos, despertar sem ter vontade, antes de sons ou de alarmes, um radar que se anuncia, instantes antes do relógio, apenas pelo incômodo e aguçar do desespero, aquele mesmo, imaginário, sempre sem sentido, que atiça mas não acomoda. Hoje tento me adiantar ao tempo, mas parece que este não se importa, meu relógio é novo, e não tem corda, afinal vamos ver quem vem primeiro? E debocha o poderoso por poder me ter inteiro, até confundir simples sentido. Hoje é terça e não é feriado, não há nada em contrapeso, há um dia pela frente, sempre igual, eu que me esqueço.

03 dezembro 2006

Apenas um fundo...



Depois de muito tempo, no caminho inverso a criação, achei um texto ao título que há muito estava preparado. O conteúdo, em poesia, veio pronto, acabado, provavelmente elaborado e armazenado a um canto na espera desde aquela época. O que faltava? Apenas dar sentido ao conteúdo, vive-lo, o que foi possível somente agora. Caminho longo, difícil, mas bonito e muito rico, sintetizado em um gesto e algumas imagens. Mas, ficou tão completo e pessoal que resolvi envolve-lo para presente, e, ao invés de publica-lo, como prova maior de afeto, amor e reconhecimento, entregar diretamente a quem merece.
Obrigado por tudo!

27 novembro 2006

Lição de liberdade

Olhar para os lados, ambos os lados! Pensei que tivesse entendido, mas as coisas passam e as lições não se embaralham. Minha avó calma, mas ainda titubeante, tentava dar métrica a decisão do melhor momento. Atravessar ou esperar? Uma difícil compreensão do tempo, como entender o risco, por exemplo, de cruzar de uma vez, correndo. Carros, seres com vida incorporada, eram mais rápidos e traiçoeiros, mas eu, pequeno e meio máquina, é quem teria que usar de freios. Enormes monstros e prepotentes sobre rodas não ligavam a curta extensão de minhas pernas, nem o que envolvia de sofrimento e insegurança este aprendizado. Tempo, outra vez o tempo até aos poucos, ritmo, visão e escolha irem ficando mais simples, incorporados, afastando e deixando ao lado as mãos que tremem até ser possível chegar só ao outro lado. Cautela da velinha que nos adaptava, a ambos, por semelhante, mas oposta dificuldade.

Há um problema, nada a ver com a chance de escorregar em pedra lisa e ser atropelado, tão diferente e distante que não favorece a identidade. Será? Tudo parece tão difícil e preciso chegar a algo. Fixo os olhos em um só sentido e permaneço imobilizado. Há um problema e nenhuma resposta, apenas a imagem de monstros não caracterizados, algo de vida própria e desatinados. Lembro aqueles que não respeitavam minhas pernas e suspiro pela minha senhora e suas mãos que já não existem em forma. Lembro da lição do tempo e a clareza de que as mensagens se interagem. Calma, basta olhar para ambos os lados.

21 novembro 2006

MOrsa vence...

Definitivamente, ou talvez não tão definitivo assim, a MOrsa com todo seu tamanho vem tomando aos poucos o espaço que não lhe pertence, hoje seu diário além de roubar mais tempo e inspiração esta invadindo este que seria um local para as imaginações e estranhezas apenas do Camafunga. A brecha foi aberta porque deixo mais nas gavetas e cds textos prontos ou incompletos, o que antes fazia aqui, isso, também, porque outro dia dei de cara com um deles em outro site sem sequer menção ou crédito. Já as histórias pessoais são intransferíveis, amenos que tenha algum outro ou eu que não saiba, mas ai seria demais para ambos pois é um caso de esquizofrenia compartilhada o que sinceramente prefiro não estender na possibilidade.
Seguindo a lógica da falsa privacidade me dou o direito de pelo menos selecionar o que vem para esta primeira página, o resto fica a vontade de quem clicar no link ao lado.

Desjejum

Tenho pouco tempo para escrever algo, há a vontade e a dúvida do que seria, uma idéia mais que uma verdade, uma nota para comemorar um momento. O tema, os nós do nossos atos, como relatar o iniciar do dia, diferente de outros tempos.

"Meu café é frio e fraco, o leite é mais que o complemento, o teu é quente e preto, acolhes massa, doces, pão e fermento.
Desperto pronto ao movimento, as idéias criaram fila durante a noite, e querem sair em propostas e entendimentos, as tuas em torpor aguardam as horas e evitam quaisquer questionamentos."

Ah as idéias em carreirinha, tenho que solta-las em doses lentas, mas sinto mesmo, não tenho tempo. Há pouco agora para escrever algo, pelo menos sei o que seria, por aqui meu leite esfria, mas volto em outra hora, quem sabe ainda em outro dia.

17 novembro 2006

Windows

Estou de licença-férias no trabalho, cansado de não conseguir resolver "chongas" no sistema de saúde que faço parte, de ficar me arrastando sem chegar a nada assumi a necessidade de uma pausa imediata. Parece que os colegas não entenderam muito bem o porquê da folga pois não param de ligar para que siga tentando configurar os problemas. O problema não é mais meu, pelo menos por hora.

13 novembro 2006

Chiste

Diz-se do vinho, mordaz, aquele que tem garra, é incisivo, sem no entanto chegar a mostrar o defeito de um sabor áspero (dicionário do enólogo, tirado de algum lugar da internete).
Se fosse, eu, a bebida, talvez assim me classificasse, mas, a origem do meu mordaz é mais sonora e vem de mordaça, como fuga, uma explosão, um meio. A forma como as palavras fluem, mais do que isso, fogem entre frases não previstas ou menos pensadas ou elaboradas. Claro que vai ai um tanto de malícia acumulada, mas é pelo silêncio forçado, pelo reforço ético imposto, pelo rancor disfarçado que aprendi fazer a dissimulação pela graça, que surge, pela escapadela das malditas, ou bem ditas frases, ou ideias, ou imagens. A sátira sobrepõe ao medo, o inconsciente não é covarde. Mas, também não é verdade, que sarcasmos nem sempre cheguem ao recacho, a muitos já fiz ofendidos, mas, penso, como o vinho, escondo maior defeito e sobra apenas o aguado de um agravo. Um humor disfarçado, que pode ser cortante, mas poupa parte da verdade.
Se fosse vinho brindaria ao fato, já fui mais ácido a me corroer por dentro, prefiro o humor, mordaz, adeus mordaça.

09 novembro 2006

Tempo, tempo, tempo, tempo.. e alguns, penso.

Recebi, com certa tristeza, as imagens da tal festa que não "pude" comparecer. Teria me deprimido, é certo, não tanto pelos fatores históricos de identidade e afeto que me afastavam, mas, pelo elemento mais cruel, o tempo. Como envelheceram aqueles, meus colegas queridos! Eu não, talvez porque prefira ficar meio iludido, preservado, me achar mais inteiro.

02 novembro 2006

Hoje é dia de festa

É finados. Sou do tempo em que nem radio se ouvia, ou quanto muito estações mornas com músicas instrumentais, de preferência as clássicas e para os mais eruditos réquiens ou outros atos litúrgicos. Deve ser porque já fui católico, mas isso não faz mal porque também quase fui escoteiro.

01 novembro 2006

Esquetes e enquetes

No Perfumaria novos esquetes de stand up, desta vez com o Clube da Comédia numa performance de Henrique Pantarroto e apresentação de Marcelo Mansfield. Clube da Comédia

Depois de passar pela fase de edição esta publicada minha primeira colaboração no OVERMUNDO, o espaço é interessante para descoberta de atividades culturais espalhadas pelo país. Por falar nisso há referencia a Interação realizada aqui em Pelotas e que gerou tanta polêmica.

31 outubro 2006

Fim-de-Semana

Tinha tudo para ser mais um dia normal, seria não fossem as complicações inerentes. Um amigo lembraria que o homem é um bicho que não deu certo, acho que a frase é do Millor, mas não importa, vale é saber que nem tudo pode ser dirigido nem controlado, nem os eventos de um simples domingo.

Churrasco, eleição, feira do livro, plantão... o dia promete!
Esta notação vai ser feita aos poucos, a medida que as horas corram, e corro o risco de me decepcionar, ou não, em cada uma destas situações, por isso vou posta-las em seus devidos horários.

26 outubro 2006

Azedume

Não vos peço que me leiam, portanto fiquem a vontade.

Devo estar meio neurótico, talvez a idade me faça desse jeito, ou, quem sabe, tenha apenas amadurecido e acordado, mesmo que tarde, para as inutilidades desta vida.
Acabo de chegar de uma delas. Convocado, senão sequer teria ido, minha parcela funcionário público, totalmente desacompanhada de minha alma erudita, compareceu a um agrupamento para planejamento e metas na Secretaria Municipal de Saúde, virge!

25 outubro 2006

Terceirizada

Aqui não é mais o local de indicações, entretanto, não posso deixar de dividir com quem entra por esta porta o último programa do Palavras de Ouro, o de número 64. Pena que não o tenha por escrito, pois é digno de guardar em papel, mas deixo link do podcast na sempre interessante e personalizada interpretação de Luis Gaspar. São orientações para jovens escritores a partir de um escrito antigo publicado em Portugal, ouçam para entender. Aqui:Estudio Raposa.

24 outubro 2006

Atualizações

Busão tecnológico- em pleno ônibus colonial um flagrante inesperado, mas não me fiz de rogado e roubei a imagem como celular.

Irmã Selma- esquete tirado do terça insana, impagável (até por que foi tirado do You Tube mesmo)

21 outubro 2006

Pesadelo



Adentro com desconfiança, a mesma de quando percebi, pela primeira vez, as paredes verdes que cercavam a escada. Não sei que idade teria, desta, ou das outras vezes, nem de quantas tive repetidos sonhos. Eram de estar ali, e me vestir descalço, enquanto, atrapalhado, descia em busca ansiosa a um cimentado pátio. Fixou-me mais que ida, a falta dos sapatos, imagem incompleta de quem os perdia a escada. Noutras, os queria em combinadas cores, mas o desconforto havia de pés abandonados.
Não quis voltar ao prédio, mantenho-o em imagem como em remota era, há um receio que o veja e ainda assim estranhe. Se sou pequeno hoje, antes o mundo era o gigante. Penso que possa me perder em sonhos, por corredores longos, a desafiar o medo. Preciso de portas que não correspondam a salas, procuro espaços que não me sejam óbvios. Por isso, mantenho o coração batendo, rápido e crescido, e olho acima um muito alto teto, adentro, pé-direito que lâmpada alguma ilumina inteiro.
Esqueci, entretanto, o elemento humano. Lá desciam crianças feito um rebanho. Escada longa e escura não nos leva a nada, a um pátio apenas, área acinzentada. De tão medonhos e estranhos,quase que pequenos ratos, empurram a frente e passam sem reparar nas faltas, afinal, é minha, a de não vestir direito, de sentir-me lento para sobrepor o intento. De poucos guardaria o nome, tampouco rostos ou sentidos intensos. Lembro apenas da escada entre paredes verdes, da pressa, do recreio e do receio entre meus pés largados.

05 outubro 2006

História de Amor

A Mara amara Antunez
Antunez não a Mara

A Mara amarra cruzes
Simpatia não desata

A Mara vestiu-se em luzes
Pela fé que conquistara

A Mara, na marra, Antunez
Mas amor não se amarra

A Mara amarga cruzes
Fantasia aqui se apaga

A Mara morre luzes

Morre amor
Amarga
Amara



Marcelo Soares / janeiro 2003

28 setembro 2006

Muito pessoal...




As imagens diriam mais do que qualquer comentário que pudesse ser feito, não estão aqui, mas há o fundo que puxa da lembrança o sentido que só a mim pertence e aponta significado mágico e único para aqueles dias. Tempo máximo de minhas esperanças, era das experiencias e constantes descobertas, estranho, porque na saudade marca o realizado ainda que houvesse, lá, muito mais a ser conquistado, e fôra, embora de outras e tão distintas formas, de um modo em que jamais parece estar terminado.

13 setembro 2006

Mito

Falavam de uma prima, mas não tenho certeza, nem do parentesco, nem, se realmente existira. A lenda é da minha avó que foi-se há muito, mas deixou alguns ensinamentos, pouco valorizados, é verdade, mas marcantes pela repetição, imprecação e intensidade. Alguns, minha mãe manteve, mas quase sempre em forma de relatos, aperfeiçoava as histórias que por vezes reeditava, ilustradas como as do enorme olho gordo que se espalhava, ou do poder de invejas onipresentes e absolutamente destrutivas. Espíritos permeavam estes ensinamentos, as vezes com formas ou nomes, como a tal que não tenho nem certeza da existência mas, que se não me enganol, chamava-se Cristina. Cristina secava flores, murchava a vida pela incontrolada mira de sua inveja. Cubra-se vasos ante sua chegada, boas novidades devem ser ocultadas. Mas a avó era pungente, e fazia deste apenas um fato, além da visão a outros também seria possível esta capacitade, praticamente a todos dividia, eram bons ou maus, certos ou errados, olhudos ou abastados, muito sensíveis ou definitivamente mal-educados. Então, não eram necessariamente parentes, nem parenteses separavam, como exemplo, o que a qualquer um seria possível, invadir o prazer pela cobiça uma premissa para a felicidade. Assim cresci, alimentado pelo mito da força de contemplações e maus sentimentos, e, mesmo que passado tempo, e pouco exemplo que justificasse, fora forçado pelo medo introjetado, e, mesmo que procurasse, quisesse ou mais tentasse, não houve em rito, crença, dogma ou entidade, nada, nada que contrariasse ou corrigisse esta temeridade. Após, pela realidade, apenas uma cunhada. Sobre ela lâmpadas explodiam apagando falsa alegria, carros amassavam sob elogios apertados, como outras situações imediata e indubitavelmente relacionadas.
A prima, primeira e original carocha, fazia com que as plantas enpanassem, já a avó tinha uma mão privilegiada e de tão bonitas e vistosas, as crias, suas flores, chamavam pela atenção da formosura extrema até a combustiva morte. Minha mãe tinha medo, mas repetia o conto, aumenta o medo e com ele um ponto e, pelo receio do que, por fim, desconhecíamos, ensinava a porteger-nos na mesma fantasia e forma. Desenvolvi meus amuletos, herdei mesmo foi a mão para o cultivo, o que não logrou, foi por descuido, pouco senti, por isso, o olhar que murcha, exceto aqueles casos contingentes, pouco que fizessem me manter em figa, raros para querer pendurar algo atrás da porta. Até hoje...


Pelas coisas desta vida, o ressaltar do que floresce, pelo que demora, mas germina, brota e cresce, pelas crias, que frondosas aparecem, surge o medo que domina, minhas crenças dissemina, mas sempre em fracas preces, vence a prima que não sei se exite mas na origem permanece.

Comprei vela, dente de alho, arruda, trevo e incenso, introjetei a benzedeira, marquei hora no terreiro, esqueci outros preceitos, nem a ciência me comporta, tenho os dedos tão vermelhos, faço figa, jogo a sorte, uma tripa de conselhos, outra tripa atrás da porta. Minha avó era poderosa, mas suas flores, seus rebentos, sucumbiam em seco amparo. Tanto tempo no preparo, corolário de bons feitos, atraíram aos resultados, olhos gordos e sinistros, observam meus sucessos para esgotar meus sentidos.
Prima, primeira, sombra e mito que se aloja, só a espreitar melhor momento. Credo, carocha, bruxa, brocha, tacha e acacha minhas conquistas para sucumbir minhas vitórias. Pura lenda que não passa, prima história não se esgota.

10 setembro 2006

Dividido

Tenho publicado menos neste espaço, é verdade, mas continuo com a mesma carga horaria de internet que sempre dediquei, da mesma forma que a "inspiração" também permanece, apenas reservada a outros locais, como o disco rígido, que quase perdi há um mês na viagem a Brasilia por ter insistido, mesmo orientado que não devia, em usar o notebook no aeroporto via Wi Fi gratuito. Para não perder o vício seleciono coisas mais interessantes da net para a Perfumaria, como videos do You Tube ou notas de pouco importancia e a novidade para os amigos que é a MOrsa Sem Pelo, um blog diário, não cronológico, de caracteristica bem pessoal onde publico fatos e fotos, que não deve mesmo interessar a muita gente, portanto os demais que aguardem eventuais posts enquanto me divido por ai.

03 setembro 2006

Apocalipse


Pedro Osório, originally uploaded by Camafunga

Rio Piratini em Pedro Osorio RS, sobra das enchentes, visão apocaliptica num momento mágico de luz, um dia nublado pelo frio e não por chuva.

31 agosto 2006

Fragmentos

Meus escritos estão escondidos. E são tantos e dispersos, logo eu, que distraido, nunca encontro as chaves, logo meus, que necessito le-los, mas não me sinto estimulado.
Meus desejos estão por toda parte. Espalho em notas como em pensamentos, recados do que não é notado, quebro a cabeça a remontar pedidos, risco no éter como a desenhar retratos. Um que seja, não encontrado, embaralha o sentido do que era para ser simples, anseado.
Meus momentos não obedecem tempo. Misturo em temas, não catalogados, arquivo morto com pensamento ávido, orientam-se fatos apenas pelo julgamento, mas também me perco se o que sei do certo me faz evitar o errado.
Meus cuidados são desesperados. Incomoda não entender o que tenho, sinto, não é prosa, mas afoitos, assumem como donos, únicos, proprietários de todos os receios, assim, acuados e frageis, submentem-se frente ao inesperado.
Meus mistérios são elaborados.Traço os pontos, mas em paralelo, tenho um sul extremo, magnetizado, rosa dos ventos, venta, inventa, norte, vida e morte, espalham sentimentos fracos.
Meus escritos estão assustados. Os desejos soltos, afastados.
Meus momentos chegam, mesmo que adiantados. Meus cuidados valorizam apenas o desprezado.
Os mistérios, ritos, preparados, cruzam, embaralham os sentidos ocultados.

16 agosto 2006

Convívio

Antes tivesse dito o que queria, com o tempo aprendi a entender aquele jeito de olhar que desacordo revela , mesmo que de outra forma não manifeste, a entendia, perde a graça traduzir como tão óbvios os sentimentos que deviam ser próprios, e era isso que ocorria, não há mistérios que se sustentem quando é imposta a harmonia.
Ana Maria, ou qualquer outra Maria, já dizia, que é melhor fingir, tornar-se obvia, pior seria. Ter insistido no convite, fazer valer minha proposta e, se possível, associar entusiasmo a cretina euforia.
Há muito não saia para tais bandas, há muito ansiava apenas por tardes frias, havia um contraponto de conformidade adquirida, forjada pelo encontro dos comportamentos, como na escolha do ponto de um assado, nunca tão cru ou mais passado, nem tão seco como apreciado, eu, preferia a carne fria, mas engolia o queimado. Comparação tão simples, como apenas ter partido, mas cedi ao permitido como se não houvesse mais sentido, desafiar o definido.Bonito, agora aqui fico em meio a tantos mitos, sem valer outra vontade. Antes tivesse dito o que queria, mexer em mim o revoltado, mas entendi os seus sentidos e me acuso acomodado.

02 agosto 2006

Contraste

Contraste

25 julho 2006

Força

"às armas, às armas!
Que fizeste, ó mui torpe sorte!
Arrebataste todas as alegrias
de nossa vida! "
Carmina Burana, canções de taberna Ego sum abbas



Deveras, estava acostumado as agruras da vida, devia. A cada conquista, nem bem a batalha, mal vencida, empunha escudo e lança sem importar se estava em veste maltrapilha. Escória, escorre o sumo rubro sem chance a curativo. Toma, hematoma, e põe a paz ainda em ferida, nem tempo há para uma bebida. Vinho? Como brinde, Baco é desprezivel, recolhe a cortezia em detrimento ao aço que é rijo mas não blinda, força, insiste em não entender questão finita.

Pudera, não havia histórias tão bonitas, nem vitórias, quanto menos treguas, reguas medem pelo que é estabelecido, convenções são discutidas, mas domina o comum, o meramente difundido. E lá se vão, arrastadas, armaduras, que tentam, mas não preservam conteúdo, por dentro suam e oxida, duras, articulações ringem denunciando desânimo e conformidade, mas é hora de outra luta. Ou não seria?

Quisera, seria esta a primeira frase, repetida. Não há volta quando existe um só destino, nem revolta se a batalha é uma rotina. Baco, como festa, é fantasia, reforço em metal o que o pensamento anuncia: "às armas, às armas!"

12 julho 2006

O Segredo da Avenca

Lembro de muito tempo
da fragilidade e do dito
"frágil como avenca
que se desfolha pelo grito".

Desconheço seu formato,
penso em rama e cabeleira,
pelo nome, a francesa, capillaire é erudito
Mas são tantos atributos, para ficar no esquecido,
tira dores, tussideira,
bom dos pés até os ouvidos

Há uma dessas e um amigo
um segredo e um sentido
ele dentro, ela fora, ele aberto, ela abrigo

Antiasmática, haja folêgo
hepática e adistringente
cardiotônica, colagoga
um cuidado exigente
Uma planta que é droga
um poder que se extende
afasta catarro, caspa
restabelece partuirente
dores das regras, menarca
resfriado e dor de dente

Há uma dessas e um amigo
um detalhe, outro sentido
ela, guarda no silêncio
ele, divide comigo


Para o Kleber Ramil

06 maio 2006

Química

Insolúvel, obscurecia a possibilidade de um novo encontro, mergulhado em conteúdo etílico catalisava energias apenas aos fatos mais moleculares, cara cheia, torno isotônicos fluídos e conteúdo que o funil de um copo acresce.
Magnético, o campo de seus olhos e órbita, no entanto, alteram meu sentido, confundo de imediato pólos com poros e mesmo saturado em éter, estou mais volátil e tóxico. Odor, não há freons ou freios, cedo aos hormônios que excitam, agito, balanço ao ritmo dos misturadores, dança, pouca luz e noite, então, desprezo fórmulas e vou direto aos meios. Metano, etano, penso, se não me engano, já diminui minha proteção de ozônio, foge daí julgamento e crítica, e avanço!
Receptiva, catalisa ainda mais meus reagentes, suor que exalo, já fui mais hidrofílico, juízo, aproximo e tento. Alotrópico, me disfarço em gente, esqueço o que dissolve o humano. Banho.
Básica, retribuiu aos primeiros afagos, repartimos os mesmos condutores, dança, pouca luz e noite, só radicais livres levam-se pelo desejo, a solução tampão para os desesperados não da espaço para rígidos parâmetros. Nano, mano, funk e outras bobagens, disparo onde o tema não importa, há sempre um lado positivo, mas os iguais também se afastam. Raio, fricção e átomos.
Cáustica, interrompeu o ato breve em comentários ácidos, dissolve toda preparação de intento, fermentam em mim respostas inadequadas,mas a crítica é glicol dissolvido em água, não há como deter gente, solto, me separo em partes. Insolúvel, volto a inércia que é física, etileno, estilete, nem pipeta é suficiente, emborco o resto do conteúdo impuro por moléculas que não se acham, experimento.

12 março 2006

Pandora e Outras Lendas

"Prometeu deu ao homem o olhar altivo para aproximá-lo aos deuses e assim diminuir suas diferenças, mas, pouco determinado, o deixou a espera estático, foi Minerva quem o preencheu de alma concedendo animação e movimento."

Desconfiado evitava meus guardados, reservavam um mistério como se existisse uma história paralela que queria, mas, que não devia ser contada. Dilema: preservados, confundiam-se como fatos incompletos à procura de um único e incompreensível significado; soltos, aceitariam-se conflitantes e poderiam se perder em fuga sem que talvez fosse possível um dia novamente associá-los.

Conhecia a lenda, mesmo que fosse pela cultura do inconsciente, da nata sabedoria da genética que as vezes indica mas nem sempre ajuda, ou, e é mais provável, da herança das palavras mal divididas, oferecida não de forma absoluta, numa frustrada tentativa de aproximação que não se concretiza, prometeu, mas por não ser tão imbuido permitiu ao poder algo de inútil, frígido.

Havia de tudo entre o retido, de sentimentos a imagens até a partes de tempo mal determinados e símbolos, muitos símbolos, soltos junto aos vagos sentidos misturados. Âncoras presas a um fundo falso seguravam como presilhas um transparente e leve manto de melancolia acinzentada, fios de tristeza enredavam ainda mais o conteúdo camuflando a compreensão, o interesse e a iniciativa. Imobilidade!

Faltavam alguns dos personagens, seus papeis aparecem embaraçados, dar a força mas não a vida, conhecer o castigo pelo fogo e a fúria, mas, mesmo assim, enfrentar e ter coragem, é paradoxo assim como firmar sem garantir um propósito, é imperativo a busca por outras divindades, cadê Minerva, coitada, se até Prometeu tem duas faces e levou Júpiter a escolher ossos e não a carne, de castigo tirou-nos a chama e qualquer outra capacidade. Pandora surge, pura curiosidade, mulher, revela a Epimeteu que também escondia suas verdades, e, sem permissão, espalha dele todas pragas e maldades, embora há quem escreva que eram bens e qualidades, mas se isso é mitologia, preciso voltar à realidade.

Quanto tempo desacompanhado, acondicionando história e utopia em forma de retrato e de mensagem, também me faltaram elementos, não me reconheço em alguns dos meus atos, anseio, em desesperado aguardo, então descubro no instinto o que Vênus, Mercúrio e Apolo criaram por sabedoria como possibilidade, a figura mítica da mulher compartilhada, necessária para desembaraçar-me deste emaranhado, frágeis nós do impedimento, até desvendar por todo o tênue tecido que escondia o verdadeiro sentido e valor de meus pertences, daí, pelo interesse facultado, encontram-se finalmente associados atributo e sentido, organizados, e já sem amarras, não desejam mais fugir atormentados, pelo contrario, formam um único e plausível significado: a esperança.

Enquanto isso Minerva, mesmo distante, descansa mais realizada.

Obs: Este texto foi lido no programa Lugar aos Outros 06, produzido em Portugal pelo Estudio Raposa na voz de Luiz Gaspar o link esta na primeira página deste Blog.