09 fevereiro 2012

Ao pé da cama

Caí da cama... não apenas por acordar cedo, mas por despencar dela.

Ontem a chuva era tanta que a pequena distância daqui até a lancheria significava  algo como atravessar o Canal da Mancha. Alguém sob a mesma marquise sugeriu que tirasse os calçados, ou então que fosse a nado. Resignado aceitei que os dez minutos que faltavam para o fechamento do estabelecimento estariam vencidos pelas intensidade das águas.

Fome, muita fome, e a tristeza de perceber que logo ali encontraria o que quisesse entre pães, queijos, doces e salgados. Desconsolado voltei para o quarto e tentei enganar o estômago com que havia: coca-cola choca e duas fatias de pão torrado. As horas foram passando,  e na medida contrária ao roncar das vísceras, diminuíram as trovoadas. A tormenta, enfim, estava acalmada, e volta a possibilidade da fazer tele-chamada.

Tarde, seria muito tarde para pedir alguma comida, o dia já virava, e a com as horas, a  certeza de uma indigestão programada. Meu médico de infância dizia: no estômago é sempre escura madrugada - mentira! -  mas não resisti: "Um bauru especial sem alface!" e...quanto tempo para a chegada? - "Cerca de duas horas, senhor...  aguarda?".  Que venha a merenda, a esta altura, mesmo que fria ou até molhada!
O sono empurrado pela bebida e por um vídeo  todo picotado pelas chamadas do trabalho, para até que  - pontualmente e  como anunciado-  chegar-me  um pão recheado de molhos, gorduras, ervilha, milho e um pouquinho de estranha carne. Duas e meia da manhã, sem tempo, engulo rápido. E olha - nem custou barato!

O resto foi de sonhos coloridos e gazes; em alguns momentos vivi o apocalipse ou quase. Não  sou de guardar detalhes, mas divido aqui algumas imagens:

Tentei atravessar a porta; morava em um sobrado alto e pobre; canos pingavam e barro; correram-me de casa onde esqueci as malas, nelas deviam estar os cobres, meus medos, desejos  e meus sapatos. Odeio sonhar com descalços; então elevo a perna para arrombar o marco  e em posição marcial meio desequilibrado, voo como um ninja desajeitado na ultima lembrança até despencar para o lado.

Caí mesmo despertando tonto sem entender o fato: aquilo era sonho ou ja estava acordado?

Adeus lanches noturnos e refrigerantes cafeinados ou manterei pernas inquietas, azia, pesadelo e quedas.

2 comentários:

Natália R. disse...

Mas Marcelo, q lanche é esse q demora cerca de 2h pra chegar?? Me avisa pra eu não chamar deste...uehuheuhee

Marcelo Freda Soares disse...

Sanata.. e não foram duas horas mas uma hora e quarenta e cinco minutos.