01 outubro 2012

Senha

Substantivamente falando duas situações que a indignação se somam: a minha vocação para os idosos e o odiar a certas instituições financeiras.

Hoje foi necessário fazer um repasse para meu filho que esta longe, e a única alternativa era enfrentar uma fila no Banco do Brasil, aquele que diz: "tem o seu estilo"... não o meu!

Na entrada a divisão impessoal e fria, via tela de um aparato eletrônico,  distribuiem-se senhas de acordo com o serviço: Correntistas; prioritários; não correntistas; fará poucos movimentos; este vai encher o saco,  mas para todos, a mensagem escondida: espera que vai demorar um bocado.

Não sou tão jovem, mas lido muito bem com informática e com as mais variadas tecnologias, principalmente quando elas servem para melhorar a qualidade das coisas, mas não para quando segregam, confundem, ou pior, substituem o sentido das relações humanas onde ele é necessário.

Subo. Pelo menos agora eles oferecem cadeiras. Sento!
A partir daquele momento eu virei o R307, e assim permaneci por longos 55 minutos até que a grande tela do monitor mudo de LCD sob as costas dos atendentes, me chamasse. Difícil entender a ordem daquelas letras - C tem vantagens sobre R que não tem sobre P que também acaba ficando de lado. Explico: P, que seria para os idosos, alguns muito velhinhos, que talvez nem consigam ler o que troca no monitor a cada apito, ou ainda nem o escutem, tem a obrigação de compreender tudo isso -  tem prioridade.

Assisti pelo menos duas situações dignas de serem denunciadas. Lá pelas tantas, quase meia hora de espera, só enquanto eu ali  estava, um senhor, claudicante, e sua arrastadinha esposa resolveram, audaciosamente, dirigirem-se ao caixa sem terem sido chamados. Pude ouvir que já estavam há mais de hora sem que tivessem sido atendidos. O funcionário pede, ou melhor, arranca de suas mãos tremulas a tal senha, e indignado cobra, apontando para trás  sem olhar para a tela, que aquele código já havia sido chamado; não satisfeito pelo público constrangimento, manda que o casal desça até a entrada do banco, retire outro papelzinho e volte a aguardar... sabe-se lá mais quanto. E é isso, sem forças para reclamarem,  que envergonhados fazem.

Um segundo homem grisalho, não tão velho mas atrapalhado,  reclama a outro funcionário que pularam sua letra: "mas meu senhor - cheio de razão, adverte -  esta senha é para outro tipo de atendimento...nem neste andar é... por favor, desça, volte à maquina e depois procure o setor correto".

Ainda bem que nesta era de evolução bancária colocaram cadeiras, porque esperar respeito e atenção, nestes casos,  só  sentado!




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