04 julho 2012

Madorra

Embora ande à frente, devo estar atrasado.

Atrasado para o quê? Tem leite na geladeira, algum resto de ontem  para o almoço e a luz do dia que permite que eu leia. Tantos capítulos não vencidos de histórias incompatíveis que embaralho herói e bandido, política e relacionamento num misto de sonho mal acabado e vício.

Tento lembrar o que ontem  me incomodava, mas, antes que tenha que formar lista, volto a conjecturar o básico -que horas serão estas do dia?

Passa da hora de fazer a cama. Quadriculados nas fronhas não combinam com as flores do desconjunto; nunca separo os pares, os impares,  sequer os  parecidos; acordo num circo caído. Fiz uso de algum barbitúrico? Corrijo: um sedativo, apenas para embalar o primeiro sonho. Não lembro se voei na madrugada, se comi a comida errada, mas meu corpo pena por um desconforto. Terá sol a frente destas paredes, ou terei que me contentar com o dos livros?

Perdi as  horas e o tempo - eu, no enrosco desta madorra, dispenso qualquer compromisso. A dor impede que eu corra, devo estar atrasado, mas, pelo menos, ninguém tem nada com isso.

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