02 julho 2012

Fotografias

Vivo no casulo de minhas limitações, mas nem por isso deixo de espiar o que me é possível.

 Em algum canto desta casa existem  caixas de antigas fotografias. Foram as sobras de meus antepassados, do formato de seus corpos, hábitos e vestimentas, algo da arquitetura em que viviam - que mesmo de pedra, também perecem-  mas nada do sangue que em mim se perpetua.

Desde que comecei a interessar-me por fotografia não desejei mais do que  juntar lembranças, depois, e só depois, descobri que além da imagem era possível colecionar sentimentos - meus sentimentos. Das ruas, dos momentos, dos olhares, das vestes e dos costumes, dos seres que descubro e reconheço, que também passarão, como tudo aquilo que retenho em meus pertences.

Vivo no casulo da limitação e do finito, espio imagens que quero deixar para meus filhos, não apenas em caixas, nem em memórias flash, mas no legado do olhar,  que é  meu sentido.

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