Vivo no casulo de minhas limitações, mas nem por isso deixo de espiar o que me é possível.
Em algum canto desta casa existem caixas de antigas fotografias. Foram as sobras de meus antepassados, do formato de seus corpos, hábitos e vestimentas, algo da arquitetura em que viviam - que mesmo de pedra, também perecem- mas nada do sangue que em mim se perpetua.
Desde que comecei a interessar-me por fotografia não desejei mais do que juntar lembranças, depois, e só depois, descobri que além da imagem era possível colecionar sentimentos - meus sentimentos. Das ruas, dos momentos, dos olhares, das vestes e dos costumes, dos seres que descubro e reconheço, que também passarão, como tudo aquilo que retenho em meus pertences.
Vivo no casulo da limitação e do finito, espio imagens que quero deixar para meus filhos, não apenas em caixas, nem em memórias flash, mas no legado do olhar, que é meu sentido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário