27 março 2012

Jaqueta

Hoje vesti a primeira jaqueta depois de meses.

Há algo além do vento a resfriar meu peito... ontem morreu um amigo. Não tão amigo como o era para meu irmão que emocionado me passou a noticia.
Comentei que venho perdendo conhecidos mais seguido do que em outras épocas. Julgo se é um dos preços da idade, mas corrijo, pois, que desde um tempo,  ando mais aberto a novos e diversos afetos.

Segui os  caminhos de sempre. Os olhos, no entanto,  procuram o inusitado, algo que signifique a troca de estação ou a leve angustia que levo como companhia. Nada a fora a não ser as folhas caídas, as cadeiras esquecidas na frente de casas antigas ou os  cães, muitos cães, como eu  falsamente abandonados, esticados procurando  a luz e  o calor externo.

O falecido, conheci no bar onde nas noites de segunda-feira toquei violão. Foi, dentro da transição permanente como vivo,  o momento onde tornei-me efêmero músico para disfarçar conflitos e ajustar as reparações  cantando em coro a possibilidade de simplificar os dias.

Como todo outono as horas elevam a temperatura, e em pouco, com o sol a pino,  perde-se a luz para a fotografia, a necessidade de um abrigo e o sentido deste passeio.

Retorno como de costume com alguma imagem nova, com o conforto de roupas mais leves e com o olvido de que a vida nada mais é do que  um eterno elaborar de  lutos.

Para o Mauro.






Um comentário:

Marcelo Freda Soares disse...

Este comentário é da Letícia no facebook, mas compartilho aqui:

"Sabe, desde ontem, qdo fiquei sabendo da morte do Marcus (e ele nem era meu amigo), passei a sentir uma nostalgia não sei de quê. É como se quem tivesse "ido" fosse eu, mas antes de partir em definitivo me foi dada a oportunidade de vasculhar meu tempo... É uma mistura de paz com tristeza. Mas lendo teu lindo texto, acho que como tu, estou elaborando meu luto cotidiano."