31 março 2007

Passeando

Tive tempo de caminhar. Não sei o que é pior, misturar a decadência das ruas com a perda das identidades ou ver um progresso arrastado ir derrubando as memórias. Tenho tempo para refletir, observo que envelhecem ao meu entorno, mas o que será que andei fazendo? Os poucos que me acompanharam, como os filhos, ia acostumando em suas mudanças, e na rapidez dos automóveis entre uma sala e outra pouco percebi sobre a dinâmica alternada das horas, nem do efeito de um sol mais constante sobre a pele. Me preservei foi pela penumbra de escritórios e talvez pela escassez de janelas, agora tenho tempo e penso enquanto avalio, "é melhor evitar ver foto antiga", cadê minha casa de revistas? O melhor cinema virou supermercado. Meus amigos não morreram mas alguns estão uns trapos. Com estas pernas posso ir longe, sem a atenção de painéis, escolho o tráfego, minha mão não é a direita, ou esquerda, é qualquer uma no espaço, nem preciso dar sinal, meu limite é só o cansaço. Aí paro, me reviso, vejo as casas mal cuidadas, vejo isso como aviso, viver acima de mais nada.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é Amigo.
A Cidade envelheceu e/ou nós envelhecemos com ela.
Estamos chegando aos 50! Eu ao menos. Depoisdos 45 surgiram as pedras nos rins, o parar de fumar para melhorar o fôlego ao transar...
Mas espera ai, falando em transar.
Li um Artigo, acho que foi do Luis Fernando Verissimo, onde comemorava o fato das nossas mulheres de 40-50 oumais anos até, serem ainda desejáveis.
Quando tinhamos 10-15 anos, as senhoras de 40-50 anos, estavam "acabadas", destruídas.
Hoje, a mulheres estão lindas, corajosas, ativas, sexys e fortes! E tudo isto aos 40-50 anos...
Então, nem tudo está perdido!

Quieto no Canto

Camafunga disse...

Veríssimo, gosto das tuas intervenções, me divertem ao mesmo tempo em que mantém na essência tua forma prática de ver o mundo. De fato nem tudo esta perdido.