22 maio 2012

Crônica

Tem alguém tossindo aqui ao lado.

Moro em um prédio de velhos, o que referencia meu tempo como lento, miro-me conservado pelo espelho do elevador enquanto desço, e  sei que ninguém irá chamar-me de senhor até que ponha os pés na calçada.

Então, ando como estrangeiro a procura de novidades entre as histórias de minha cidade, das ruas bem ou mal conservadas, suas sinalizações de esquecimento e pouca prosperidade, das expressões dos que se permitem dividir comigo, do charme do que é mais simples e do eventual e raro susto de algo inesperado.

Moro em um prédio de velhos e caminho como um arqueólogo - sina e prazer de quem consegue apreender o que se apresenta.

Quem sabe um dia escreva sobre isso? Mas não agora... pelo menos até que parem de tossir aqui ao lado.


Nenhum comentário: