31 março 2012
29 março 2012
Praguejar
Provável que tudo de certo, mas ontem foi um dia de cão.
Era para ter sido de folga já que havia como único trabalho um plantão até as oito da manhã e depois quem sabe dormir um pouco ou dar uma volta no centro, ver uma roupa nova para a formatura do fim-de-semana ou ainda, quem sabe...sair para fazer fotos.
Mal abri a porta de casa o celular toca me chamando para um inesperado retorno a labuta, e, para quem já havia chegado a pé, bastou dar meia volta e seguir a passo. Antes fui tomar uma água e recolher da porta da geladeira a conta da lavanderia pelos edredons e cobertores guardados e uma longa lista de compras para o almoço; agora teria que achar espaço para em algum momento enfrentar um supermercado. Menu: galinha com queijo e batata assados - as vezes Isabel capicha, e acerta.
Confesso, o medicamento que usei para o pulmão na semana passada deu efeito colateral retardado, então, meio do caminho, muito mais rápido do que meus apressados passos fui acometido por dolorosas cólicas.
Nada de apreciar paisagens ou buscar imagens; a única a materializar-se era a de um banheiro, qualquer um que me surgisse. Foi o justo tempo de entrar no trabalho para ser acolhido ao sanitário. Abatido e suado não tive chance de praguejar o mal indevido do antibiótico ao vaso.
Fiz o que devia e o retorno foi mais leve. Insisti em levar alguma foto e poder treinar na nova máquina. Uma semana não é nada frente a tantos recursos inexplorados.
Catedral, marco arquitetônico e histórico da cidade, agora, patrimônio do Estado. É do povo, logo, fotografia!
A luz, a hora, as imagens... as grades. Por trás delas um cartaz pintado -"Casa de Deus, seja bem vindo". Mas e o acesso? Fiz a volta no prédio e só vi portas e cadeados; tive pena até dos santos encarcerados, afinal para que servem assim isolados? Agachado, tentando flagrar o fato, imagino em foto o quadro: um cartaz ao fundo da grade na ironia de uma frase - paradoxo. Recebo um leve toque no braço.
"O senhor é católico?" me pergunta um ancião com cara de padre. Sacudo afirmativo a cabeça balançando a alça da caixa fotográfica.
"Então contorne pela secretaria que lhe deixarão fazer, lá dentro, retratos."
Desisti indignado - da crença há algum tempo, do cinismo àquela hora. Guardei equipamento sem saber que faria a derradeira imagem, e me fui para a casa. Casa não... supermercado.
Novos chamados e ao perceber a manhã estava acabada. Onze horas e tanto e nem o pequeno rancho fora comprado. O que seria dos que me esperavam: nem frango, nem batata; o melhor era trocar o prato para algo mais rápido - fastfood em casa não dá para assado.
Nas filas, conversas desnecessárias: Soube da mãe que correu com a filha; do irmão do marido desempregado; da festa de 12 anos da menina - motivo de um carrinho lento de tão abastado. Demora e mais atraso.
Engoli a comida mal passada, reprogramando o resto de tarde de falsa "folga".
Bate à porta um agente funerário, a cachorra louca pula como se enxergasse espíritos, atrapalho-me com papéis e carimbos, melhor deixa-la fechada no quarto do filho, afastada.
Dispensado o obituário e caio morto no estofado. Acordo duro e dolorido já no meio da tarde, intervalo.
Convido o filho para um café na rua, uma volta nos camelôs, quem sabe uma nova lente para a maravilhosa máquina de retratos.
A máquina... primeira tentativa de foto depois de praguejar Deus e seus enviados. Resultado: uma imagem negra, nula e apagada... custei a acreditar, mas meu mais novo brinquedo estava estragado.
Tira lente, bota bateria, tudo processo reiniciado, volta sistema ao padrão de fábrica e mesmo com tudo testado, nada dela fazer retrato.
A esta estava no café, o líquido desceu queimado, o pão nem foi degustado; corri para a loja na expectativa de que seria acalmado. Afinal sou há muito cliente, dos mais fiéis e respeitados; lá comprei TVs, instrumentos musicais, aparelhos de som e fotográficos.
De mão em mão o objeto foi novamente avaliado: tira lente, bota bateria... até ao final de minutos ouvir o que já sabia, o aparelho estava travado.
Agora vinha a resposta do que seria acordado. A compra tinha poucos dias, não houve mal uso ou descuido.
Pela dúvida fomos até um técnico junto com o gerente da firma: tira lente, bota bateria... antes do diagnóstico pediu para ver se usava meia fina, não entendi a piada até indicar meias grossas - este era um defeito que raramente aparecia, algo como ser premiado na loto ou pegar escarlatina.
De volta a loja soube da matriz em outra cidade, que embora tivesse oito ou nove dias de uso, o aparelho seria consertado. Ainda tentei falar com o "importante" encarregado que não me deu direito de ser ouvido: "trata-se de um produto caro, passou mais sete dias, agora só com a assistência que fica em São Paulo".
Procurei advogado, 0800, diretor da loja e afilhados. "Montado em um porco" voltei a loja irritado. Tanto, que me ofereceram uma cadeira a frente de uma TV 3D, um copo de água e um violão afinado (?). Roguei por todos os lados, arrolando as compras, por anos, efetuadas.
Procon, imprensa, noticiários, minha profissão e contatos. Discussão a portas fechadas do gerente com seu superior imediato, e eu aguardando... sentado.
Pode ser que me troquem o produto, do contrário inicio campanha nos meus espaços. Aguardo.
Hoje mais aliviado procurei algo menos tecnológico para não correr o risco de ficar frustado. Comprei uns livros históricos: da cidade, do Facebook e dos Deuses Mitológicos.
Pode ser que tudo de certo, mas não estou convencido de fato.
Vamos ver se daqui a dois dias volto a fazer meus retratos.
Ah sim, esqueci até a noite a cachorra presa e ela fez o que não devia no cobertor recém-lavado.
Ps: última foto - Catedral fechada.
Era para ter sido de folga já que havia como único trabalho um plantão até as oito da manhã e depois quem sabe dormir um pouco ou dar uma volta no centro, ver uma roupa nova para a formatura do fim-de-semana ou ainda, quem sabe...sair para fazer fotos.
Mal abri a porta de casa o celular toca me chamando para um inesperado retorno a labuta, e, para quem já havia chegado a pé, bastou dar meia volta e seguir a passo. Antes fui tomar uma água e recolher da porta da geladeira a conta da lavanderia pelos edredons e cobertores guardados e uma longa lista de compras para o almoço; agora teria que achar espaço para em algum momento enfrentar um supermercado. Menu: galinha com queijo e batata assados - as vezes Isabel capicha, e acerta.
Confesso, o medicamento que usei para o pulmão na semana passada deu efeito colateral retardado, então, meio do caminho, muito mais rápido do que meus apressados passos fui acometido por dolorosas cólicas.
Nada de apreciar paisagens ou buscar imagens; a única a materializar-se era a de um banheiro, qualquer um que me surgisse. Foi o justo tempo de entrar no trabalho para ser acolhido ao sanitário. Abatido e suado não tive chance de praguejar o mal indevido do antibiótico ao vaso.
Fiz o que devia e o retorno foi mais leve. Insisti em levar alguma foto e poder treinar na nova máquina. Uma semana não é nada frente a tantos recursos inexplorados.
Catedral, marco arquitetônico e histórico da cidade, agora, patrimônio do Estado. É do povo, logo, fotografia!
A luz, a hora, as imagens... as grades. Por trás delas um cartaz pintado -"Casa de Deus, seja bem vindo". Mas e o acesso? Fiz a volta no prédio e só vi portas e cadeados; tive pena até dos santos encarcerados, afinal para que servem assim isolados? Agachado, tentando flagrar o fato, imagino em foto o quadro: um cartaz ao fundo da grade na ironia de uma frase - paradoxo. Recebo um leve toque no braço.
"O senhor é católico?" me pergunta um ancião com cara de padre. Sacudo afirmativo a cabeça balançando a alça da caixa fotográfica.
"Então contorne pela secretaria que lhe deixarão fazer, lá dentro, retratos."
Desisti indignado - da crença há algum tempo, do cinismo àquela hora. Guardei equipamento sem saber que faria a derradeira imagem, e me fui para a casa. Casa não... supermercado.
Novos chamados e ao perceber a manhã estava acabada. Onze horas e tanto e nem o pequeno rancho fora comprado. O que seria dos que me esperavam: nem frango, nem batata; o melhor era trocar o prato para algo mais rápido - fastfood em casa não dá para assado.
Nas filas, conversas desnecessárias: Soube da mãe que correu com a filha; do irmão do marido desempregado; da festa de 12 anos da menina - motivo de um carrinho lento de tão abastado. Demora e mais atraso.
Engoli a comida mal passada, reprogramando o resto de tarde de falsa "folga".
Bate à porta um agente funerário, a cachorra louca pula como se enxergasse espíritos, atrapalho-me com papéis e carimbos, melhor deixa-la fechada no quarto do filho, afastada.
Dispensado o obituário e caio morto no estofado. Acordo duro e dolorido já no meio da tarde, intervalo.
Convido o filho para um café na rua, uma volta nos camelôs, quem sabe uma nova lente para a maravilhosa máquina de retratos.
A máquina... primeira tentativa de foto depois de praguejar Deus e seus enviados. Resultado: uma imagem negra, nula e apagada... custei a acreditar, mas meu mais novo brinquedo estava estragado.
Tira lente, bota bateria, tudo processo reiniciado, volta sistema ao padrão de fábrica e mesmo com tudo testado, nada dela fazer retrato.
A esta estava no café, o líquido desceu queimado, o pão nem foi degustado; corri para a loja na expectativa de que seria acalmado. Afinal sou há muito cliente, dos mais fiéis e respeitados; lá comprei TVs, instrumentos musicais, aparelhos de som e fotográficos.
De mão em mão o objeto foi novamente avaliado: tira lente, bota bateria... até ao final de minutos ouvir o que já sabia, o aparelho estava travado.
Agora vinha a resposta do que seria acordado. A compra tinha poucos dias, não houve mal uso ou descuido.
Pela dúvida fomos até um técnico junto com o gerente da firma: tira lente, bota bateria... antes do diagnóstico pediu para ver se usava meia fina, não entendi a piada até indicar meias grossas - este era um defeito que raramente aparecia, algo como ser premiado na loto ou pegar escarlatina.
De volta a loja soube da matriz em outra cidade, que embora tivesse oito ou nove dias de uso, o aparelho seria consertado. Ainda tentei falar com o "importante" encarregado que não me deu direito de ser ouvido: "trata-se de um produto caro, passou mais sete dias, agora só com a assistência que fica em São Paulo".
Procurei advogado, 0800, diretor da loja e afilhados. "Montado em um porco" voltei a loja irritado. Tanto, que me ofereceram uma cadeira a frente de uma TV 3D, um copo de água e um violão afinado (?). Roguei por todos os lados, arrolando as compras, por anos, efetuadas.
Procon, imprensa, noticiários, minha profissão e contatos. Discussão a portas fechadas do gerente com seu superior imediato, e eu aguardando... sentado.
Pode ser que me troquem o produto, do contrário inicio campanha nos meus espaços. Aguardo.
Hoje mais aliviado procurei algo menos tecnológico para não correr o risco de ficar frustado. Comprei uns livros históricos: da cidade, do Facebook e dos Deuses Mitológicos.
Pode ser que tudo de certo, mas não estou convencido de fato.
Vamos ver se daqui a dois dias volto a fazer meus retratos.
Ah sim, esqueci até a noite a cachorra presa e ela fez o que não devia no cobertor recém-lavado.
Ps: última foto - Catedral fechada.
28 março 2012
27 março 2012
Jaqueta
Há algo além do vento a resfriar meu peito... ontem morreu um amigo. Não tão amigo como o era para meu irmão que emocionado me passou a noticia.
Comentei que venho perdendo conhecidos mais seguido do que em outras épocas. Julgo se é um dos preços da idade, mas corrijo, pois, que desde um tempo, ando mais aberto a novos e diversos afetos.
Segui os caminhos de sempre. Os olhos, no entanto, procuram o inusitado, algo que signifique a troca de estação ou a leve angustia que levo como companhia. Nada a fora a não ser as folhas caídas, as cadeiras esquecidas na frente de casas antigas ou os cães, muitos cães, como eu falsamente abandonados, esticados procurando a luz e o calor externo.
O falecido, conheci no bar onde nas noites de segunda-feira toquei violão. Foi, dentro da transição permanente como vivo, o momento onde tornei-me efêmero músico para disfarçar conflitos e ajustar as reparações cantando em coro a possibilidade de simplificar os dias.
Como todo outono as horas elevam a temperatura, e em pouco, com o sol a pino, perde-se a luz para a fotografia, a necessidade de um abrigo e o sentido deste passeio.
Retorno como de costume com alguma imagem nova, com o conforto de roupas mais leves e com o olvido de que a vida nada mais é do que um eterno elaborar de lutos.
Para o Mauro.
25 março 2012
24 março 2012
22 março 2012
21 março 2012
Passado
20 março 2012
19 março 2012
Bom para cachorro
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Imagem retirada da internet -old commercial.com |
Os meninos eram pequenos, o mais velho com seis anos e o caçula com três a menos.
O objetivo em contrata-la era o de ter quem me ajudasse no atribulado cuidado com a casa e filhos, já que desde há um tempo, eu já me dividia como pai e mãe e dono de casa sem qualquer anterior preparo.
Quindim, quindão, musse, bolo de chocolate, Rei Alberto, queijadinha e nos intervalos pano nos móveis, aspirador no tapete e cera no soalho.
Com a casa em segundo plano fomos alargando dia-a-dia as fardas; em geral um doce maravilhoso, meia-sola na arrumação e muito gasto com açúcar, farinha e ovos.
Já que o foco era comida, estranho era não oferecer-se, até então, aos salgados. Sobre a comida básica diária, percebi, após as tentativas eventuais e desastrosas (fosse pelo azedar do ensopado ou pelo feijão onde boiavam graxas - poli-multi-saturadas) que este não era seu forte. Exemplos: cominho -urgente tira-lo do caminho; sal - consumir às minas; pimenta - é fogo!
Os meninos cresceram rápido até a moça ser dispensada. No entanto, sempre que nos encontrava, anunciava saudade daquele tempo. A vida renova-se e repara. Dispensava seu retorno, explicando que não havia espaço, até, que por vez e adultos, vieram os meninos a instalar-se em casa. Novas necessidades, horários curtos, faculdades, poeira espalhada nos móveis... oportunidade!
De tudo bem até a mesa: Jurou ter mudado o gosto, paladar para mais apurado. Morou na capital por anos em casa de "restauranter" afamado...
Recontratada, com esperança e agrado. De primeira um feijão temperado - ótimo resultado!
Afrouxei o preconceito de outrora: cardápio liberado.
Feijão com arroz, arroz com guizado; bolinho de batata, batata com guizado; suflê de espinafre, espinafre com guizado... e antes que enjoasse ou acabasse moído de arrependimento pedi pelo menos um novo prato, para o fim-de-semana, quem sabe mais elaborado, e surpresa .... pizza de guizado.
Ao chegar hoje, desconfiada de ver todo investimento no lixo, desprezado, obriguei-me a arranjar uma desculpa:
"Guria, o cachorro gostou tanto, mas tanto, que quando vi ... ele havia roubado."
18 março 2012
17 março 2012
Sexta-feira 16
O relato não seguirá a precisão dos fatos, mas a forma como foram apresentados.
Manhã.
Poucas coisas podem ser mais importantes em casa do que café, leite e coca-cola. E a Isabel, minha ajudante, que não aparece há dois dias porque tem asma, e agora também parece fazer falta.
Acordei mais cedo, engasgado de tanta tosse: refluxo da pesada janta da véspera ou uma gripe recém iniciada? Também pode ter sido pela variação do clima - primeira noite fria em tantos meses.
Despertei-me surpreso, desta, por estar em casa.
Apesar de itinerante, mantenho hábitos como o de antes do desjejum escovar os dentes, depois, transfiro as novidades de um primeiro jornal impresso para a seletiva leitura da internet, ai sim, acompanhado por uma larga xícara de café-com-leite, vejo só o que for leve.
Infelizmente, além da pilha de louça na pia, não havia um grama de café em casa!
Partida.
A sala-de-espera dava ideia de que seria um dia repleto. Cedo pernas quebradas, olhos vermelhos, narinas escorrendo e barrigas inchadas. Não fui o único a levantar pesteado.
Atendimento
Falta pouco.
Lá pelas tantas entre tantos, levantando moral, ataques e desmaios, numa pequena folga intercorrente encontro a possibilidade de um café passado.
Expliquei o que seria um entorse, a mais provável das possibilidades, e adiantei-me no smartphone a procurar um código -prático: "S- qualquer coisa" em CID traduz melhor esta doença, e enquanto confirmo diagnóstico pelo exame, dirijo-me breve ao refeitório. São dez horas, e alheio à mundo externo, peço que a senhora acompanhada de sua perceptível mal humorada filha passem para que esta faça um raio (X).
Breve
Já cansado e ofegante lembro da minha secretária do lar dispneica e sua falta, então ligo para meu caçula para orientar o almoço. Afinal o que mais poderia estar faltando na dispensa?
Poucos minutos bastaram até que a chapa estivesse pronta.
O toque da mal-amada: em várias ligações suspeitas fez queixas de que eu estava demorando porque ao invés de atender "a velha" estaria brincando no celular e namorando pelo telefone. E não ficou só na ameaça, mais tarde recebi, como responsável, um telefonema de queixas sobre o acontecido para que tomasse a devida medida... contra mim mesmo!
Trágico
Mas era sexta, e não era 13.
Ao tentar reportar o fato soube de outro mais sério e dramático, uma moça, havia sido incinerada. Era hora de almoço, e alguns colegas presenciaram in loco. Diziam antes que fora ácido, que viram a pele explodir em bolhas; alguém trouxe como mimo: um pedaço de pano e carne...
Fora a poucas quadras dali, e abafou o meu relato; a vitima era conhecida - trabalhava em outra clínica. O marido, recém-separado, inconformado, ainda segurou um possível salvador à arma. Sádico assistia as chamas - aí já era gasolina, querosene ou pano embebido em álcool- culminou o sacrifício com um passante, na tentativa de apagar a vítima, sufoca-la com extintor de carro.
Assalto
Passam as horas arrastadas; a tosse, minha e acompanhada; as pernas, minhas cansadas, mais as demais lesionadas; e a difícil tarefa esquecida: afastar uma colega, definitivamente da escala.
Dela a queixas eram mais completas, ricas, reais e elaboradas, mas por ética e bom senso ficarão por mim seladas.
Chamei-a em um momento difícil à conversa privada. Lá vem ela correndo, branca e agitada. Pensei que soubesse o motivo mas carrega outra novela: havia deixado um amigo em uma agência bancária, cinco minutos antes desta ser assaltada: tiroteios, violência, feridos, polícia, bandidos e portas lacradas...
Não tive coragem de entrar no outro assunto, ainda mais, quando novas histórias chegaram.
Mórbido
Não adiantou evitar os diários, notas vem de todos os lados. Houve um acidente horrível na estrada, morreram vários. Destes dois conhecia, muita consternação e abalo.
Mensagem
De tudo... só um café me fez falta.
PS: o jornal que não li:
Manhã.
Poucas coisas podem ser mais importantes em casa do que café, leite e coca-cola. E a Isabel, minha ajudante, que não aparece há dois dias porque tem asma, e agora também parece fazer falta.
Acordei mais cedo, engasgado de tanta tosse: refluxo da pesada janta da véspera ou uma gripe recém iniciada? Também pode ter sido pela variação do clima - primeira noite fria em tantos meses.
Despertei-me surpreso, desta, por estar em casa.
Apesar de itinerante, mantenho hábitos como o de antes do desjejum escovar os dentes, depois, transfiro as novidades de um primeiro jornal impresso para a seletiva leitura da internet, ai sim, acompanhado por uma larga xícara de café-com-leite, vejo só o que for leve.
Infelizmente, além da pilha de louça na pia, não havia um grama de café em casa!
Partida.
A sala-de-espera dava ideia de que seria um dia repleto. Cedo pernas quebradas, olhos vermelhos, narinas escorrendo e barrigas inchadas. Não fui o único a levantar pesteado.
Atendimento
Falta pouco.
Lá pelas tantas entre tantos, levantando moral, ataques e desmaios, numa pequena folga intercorrente encontro a possibilidade de um café passado.
Expliquei o que seria um entorse, a mais provável das possibilidades, e adiantei-me no smartphone a procurar um código -prático: "S- qualquer coisa" em CID traduz melhor esta doença, e enquanto confirmo diagnóstico pelo exame, dirijo-me breve ao refeitório. São dez horas, e alheio à mundo externo, peço que a senhora acompanhada de sua perceptível mal humorada filha passem para que esta faça um raio (X).
Breve
Já cansado e ofegante lembro da minha secretária do lar dispneica e sua falta, então ligo para meu caçula para orientar o almoço. Afinal o que mais poderia estar faltando na dispensa?
"Filho, se não tiver comida, tira algo do freezer cuidando para que não seja muito, afinal estas de dieta... um beijo e te cuida".
Poucos minutos bastaram até que a chapa estivesse pronta.
O toque da mal-amada: em várias ligações suspeitas fez queixas de que eu estava demorando porque ao invés de atender "a velha" estaria brincando no celular e namorando pelo telefone. E não ficou só na ameaça, mais tarde recebi, como responsável, um telefonema de queixas sobre o acontecido para que tomasse a devida medida... contra mim mesmo!
Trágico
Mas era sexta, e não era 13.
Ao tentar reportar o fato soube de outro mais sério e dramático, uma moça, havia sido incinerada. Era hora de almoço, e alguns colegas presenciaram in loco. Diziam antes que fora ácido, que viram a pele explodir em bolhas; alguém trouxe como mimo: um pedaço de pano e carne...
Fora a poucas quadras dali, e abafou o meu relato; a vitima era conhecida - trabalhava em outra clínica. O marido, recém-separado, inconformado, ainda segurou um possível salvador à arma. Sádico assistia as chamas - aí já era gasolina, querosene ou pano embebido em álcool- culminou o sacrifício com um passante, na tentativa de apagar a vítima, sufoca-la com extintor de carro.
Assalto
Passam as horas arrastadas; a tosse, minha e acompanhada; as pernas, minhas cansadas, mais as demais lesionadas; e a difícil tarefa esquecida: afastar uma colega, definitivamente da escala.
Dela a queixas eram mais completas, ricas, reais e elaboradas, mas por ética e bom senso ficarão por mim seladas.
Chamei-a em um momento difícil à conversa privada. Lá vem ela correndo, branca e agitada. Pensei que soubesse o motivo mas carrega outra novela: havia deixado um amigo em uma agência bancária, cinco minutos antes desta ser assaltada: tiroteios, violência, feridos, polícia, bandidos e portas lacradas...
Não tive coragem de entrar no outro assunto, ainda mais, quando novas histórias chegaram.
Mórbido
Não adiantou evitar os diários, notas vem de todos os lados. Houve um acidente horrível na estrada, morreram vários. Destes dois conhecia, muita consternação e abalo.
Mensagem
De tudo... só um café me fez falta.
PS: o jornal que não li:
- Homem ateia fogo em ex-mulher.
- Colisão entre caminhão e van.
16 março 2012
15 março 2012
14 março 2012
13 março 2012
12 março 2012
Coluna Social
Ibraim Sued que me desculpe, mas este espaço, que poderia ser mais frequente, apesar do gosto duvidoso, volta agora em novo formato.
Dá trabalho incorporar o colunista de plantão, no entanto, como os últimos eventos se prestam para tal, vai ai mais uma nota social.
Na aprazível noite do último sábado, junto a nata de nossa sociedade, em ambiente climatizado a conceituada obstetra Maira Piltcher reuniu os amigos para um sofisticado jantar. Entre os acepipes exóticos da entrada uma berinjela recheada com queijo de búfalo australiano e alho mediterrâneo maturado com o dente "al dente". O prato principal foi um bacalhau - genuíno Gadus morhua da Noruega - com molho branco de cabra andina recém-parida. Tudo um luxo e uma delícia! A decoração do local, de ótimo gosto, reunia móveis e elementos assinados pelos maiores designers mundiais - destaque ao abajur da entrada baseado na efígie do pelotense Igor Santos, mas isso é assunto para outro dia.
Observações ao lindo modelito, da também promissora ginecologista Etti Mattos - dos Mattos de Canguçu - que vestia um retrô no melhor estilo anos 1960, cheio de babados.
Marcelo expõe o calor local e seu particular estilo no Liberdade para os amigos em tórrida noite de uma sexta-feira destas. Os ventiladores deram certo refresco na temperatura do ambiente mais do que a Skol, que, para alguns, não desceu tão redondo. Sobraram elogios, guardanapos, e óleo, para os pastéis de carne e para as azeitonas com caroços. Desta, os ovos cozidos foram declinados pela cor esverdeada da conserva, mas o exagerado colorido da maquiagem das pós-balzaquianas-caçadoras-desesperadas deram um tom particular ao entorno. A música a cargo do Regional do Avendano foi um espetáculo a parte, embora o bate-coxa tenha sido interrompido por cotoveladas e bundadas. Destaque para camisa molhada de suor do "convidante" (ver foto), depois da dança e para a decoração das mesas: toalhas da Casa dos Plásticos e cadeiras com a marca de cervejas.
Dá trabalho incorporar o colunista de plantão, no entanto, como os últimos eventos se prestam para tal, vai ai mais uma nota social.
Maira e Zé reúnem amigos no refinado Restaurante Chu |
Observações ao lindo modelito, da também promissora ginecologista Etti Mattos - dos Mattos de Canguçu - que vestia um retrô no melhor estilo anos 1960, cheio de babados.
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Marcelo junta o pessoal no boteco Liberdade |
11 março 2012
10 março 2012
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