18 janeiro 2008
Letras fugidias
As letras aparecem e desaparecem da tela como se tivesse testando o teclado. As idéias vem projetadas em frases disfarçadas, sempre camufladas para que cínicamente sejam descobertas sem que seja explicitadas. O comentário era de que meu português era estranho, estranho é minha fala e meu pensamento, estranho é ainda ter que ficar sussurrando o que há muito já devia ter sido um grito. Então, preso em alguma parte, minha, mas que nem reconheço, me calo a espera de novo ouvinte, leitor, terapeuta ou técnico em criptografia. As letras somem e reaparecem em outra ordem, eu só mantenho o que sinto e tento inventar caminhos diferentes para a expressão de um único e profundo sentimento. Tento. Vem a mente as idéias puras transformadas em imagens abstratas que nem sempre mantém a dureza da realidade. É, as letras somem, as imagens se confundem, assim fica certas vezes minha escrita, na linha entre o retido e o declarado. Melhor junta-las a tirar da voz do que deve ser falado, ou desistir e de dar razão ao que não mais será resgatado.
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