Há algo além do vento a resfriar meu peito... ontem morreu um amigo. Não tão amigo como o era para meu irmão que emocionado me passou a noticia.
Comentei que venho perdendo conhecidos mais seguido do que em outras épocas. Julgo se é um dos preços da idade, mas corrijo, pois, que desde um tempo, ando mais aberto a novos e diversos afetos.
Segui os caminhos de sempre. Os olhos, no entanto, procuram o inusitado, algo que signifique a troca de estação ou a leve angustia que levo como companhia. Nada a fora a não ser as folhas caídas, as cadeiras esquecidas na frente de casas antigas ou os cães, muitos cães, como eu falsamente abandonados, esticados procurando a luz e o calor externo.
O falecido, conheci no bar onde nas noites de segunda-feira toquei violão. Foi, dentro da transição permanente como vivo, o momento onde tornei-me efêmero músico para disfarçar conflitos e ajustar as reparações cantando em coro a possibilidade de simplificar os dias.
Como todo outono as horas elevam a temperatura, e em pouco, com o sol a pino, perde-se a luz para a fotografia, a necessidade de um abrigo e o sentido deste passeio.
Retorno como de costume com alguma imagem nova, com o conforto de roupas mais leves e com o olvido de que a vida nada mais é do que um eterno elaborar de lutos.
Para o Mauro.
Um comentário:
Este comentário é da Letícia no facebook, mas compartilho aqui:
"Sabe, desde ontem, qdo fiquei sabendo da morte do Marcus (e ele nem era meu amigo), passei a sentir uma nostalgia não sei de quê. É como se quem tivesse "ido" fosse eu, mas antes de partir em definitivo me foi dada a oportunidade de vasculhar meu tempo... É uma mistura de paz com tristeza. Mas lendo teu lindo texto, acho que como tu, estou elaborando meu luto cotidiano."
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