Sentei de pernas abertas, da forma que seria imprópria pelos costumes que fui moldado. Não sei se seria melhor estar ou não de olhos congestos, poderia passar idéia de tranquilidade, e afinal estava esperando para ser consolado, mas se notasse tamanho sofrimento poderia magoar a quem consola em tantos anos de entendimento.
Fui em dois, meio esquisofrênico, e não sei se meu lado melhor foi o que se manifestou o foi o que ficou de companheiro. Consegui resumir os fatos, estava com problemas que iam desde o sono atrasado até o plexo corióide. Cansado de sonhar queria poder dormir, cheio de tentar queria finalmente agir.
E agi. Antes procurei a mãe amada na figura da esposa perdida, nas recompensas da memória alterada pelas mais recentes instabilidades, virei santo, excluido o celibato, virei um pai, modelo, pobre, mas dedicado.
Revirei os estandartes sem achar a beatice, exonerando os diabos com seus pactos e artífices.
Há um tempo, quando propuseram alta, ouvi um coro de dúvidas e indignidades, era como uma mãe a abandonar o filho, um espelho a proibir imagem. Gostei da piada fora de hora, da fala perdida e da risada. Gostei de ter sido comparado a um mito e mesmo de pernas inadequadas manter-me em equilíbrio.
Complexo como a ilusão da morte, sigo buscando o caminho e a saída. Falo, e me repito, repito, repito e me repito, até um dia poder, por mim, ser entendido.
Um comentário:
Atenção que a maior parte das vezes a "saída" corresponde à porta de "entrada"... uma única porta, dois sentidos! :-)
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