19 janeiro 2007
Há muito tempo nas águas da Guanabara...
Faz vinte e cinco anos, eu em Copacabana com um ridículo calção vermelho acetinado, brilhoso como era tudo naquela decadente década, as pernas ainda finas sobravam pelas bordas do tecido leve, o mesmo que por largo e frouxo perdi numa das poucas vezes que me animei a entrar naquelas águas bravas, vergonha! A camisa era listrada em várias cores, de gola polo, o que ainda nem era moda, a cara não era das melhores mas passava o tempo com um enorme pacote companheiro, de pão torrado, de todos os passeios. Estava nublado, como a maioria dos dias anteriores e seguintes, desde a festa de fogos há dezenove dias, motivo da longa e nada barata viagem, e que dormi coberto pelo travesseiro sem sair do apartamento. Adolescente? A cara parece a do meu filho, o comportamento é próprio, parece que sabia que haveria algo. Meu pai, crítico musical e da vida não gostava, eu com aquela cara e personalidade absorvia as letras, a maioria como mensagens, onde ele ouvia grito eu sentidos. Memória? Nada, aqui ao lado uma fotografia desbotada, vinte e cinco anos, minha cara era de luto, Elis havia morrido.
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