Falavam de uma prima, mas não tenho certeza, nem do parentesco, nem, se realmente existira. A lenda é da minha avó que foi-se há muito, mas deixou alguns ensinamentos, pouco valorizados, é verdade, mas marcantes pela repetição, imprecação e intensidade. Alguns, minha mãe manteve, mas quase sempre em forma de relatos, aperfeiçoava as histórias que por vezes reeditava, ilustradas como as do enorme olho gordo que se espalhava, ou do poder de invejas onipresentes e absolutamente destrutivas. Espíritos permeavam estes ensinamentos, as vezes com formas ou nomes, como a tal que não tenho nem certeza da existência mas, que se não me enganol, chamava-se Cristina. Cristina secava flores, murchava a vida pela incontrolada mira de sua inveja. Cubra-se vasos ante sua chegada, boas novidades devem ser ocultadas. Mas a avó era pungente, e fazia deste apenas um fato, além da visão a outros também seria possível esta capacitade, praticamente a todos dividia, eram bons ou maus, certos ou errados, olhudos ou abastados, muito sensíveis ou definitivamente mal-educados. Então, não eram necessariamente parentes, nem parenteses separavam, como exemplo, o que a qualquer um seria possível, invadir o prazer pela cobiça uma premissa para a felicidade. Assim cresci, alimentado pelo mito da força de contemplações e maus sentimentos, e, mesmo que passado tempo, e pouco exemplo que justificasse, fora forçado pelo medo introjetado, e, mesmo que procurasse, quisesse ou mais tentasse, não houve em rito, crença, dogma ou entidade, nada, nada que contrariasse ou corrigisse esta temeridade. Após, pela realidade, apenas uma cunhada. Sobre ela lâmpadas explodiam apagando falsa alegria, carros amassavam sob elogios apertados, como outras situações imediata e indubitavelmente relacionadas.
A prima, primeira e original carocha, fazia com que as plantas enpanassem, já a avó tinha uma mão privilegiada e de tão bonitas e vistosas, as crias, suas flores, chamavam pela atenção da formosura extrema até a combustiva morte. Minha mãe tinha medo, mas repetia o conto, aumenta o medo e com ele um ponto e, pelo receio do que, por fim, desconhecíamos, ensinava a porteger-nos na mesma fantasia e forma. Desenvolvi meus amuletos, herdei mesmo foi a mão para o cultivo, o que não logrou, foi por descuido, pouco senti, por isso, o olhar que murcha, exceto aqueles casos contingentes, pouco que fizessem me manter em figa, raros para querer pendurar algo atrás da porta. Até hoje...
Pelas coisas desta vida, o ressaltar do que floresce, pelo que demora, mas germina, brota e cresce, pelas crias, que frondosas aparecem, surge o medo que domina, minhas crenças dissemina, mas sempre em fracas preces, vence a prima que não sei se exite mas na origem permanece.
Comprei vela, dente de alho, arruda, trevo e incenso, introjetei a benzedeira, marquei hora no terreiro, esqueci outros preceitos, nem a ciência me comporta, tenho os dedos tão vermelhos, faço figa, jogo a sorte, uma tripa de conselhos, outra tripa atrás da porta. Minha avó era poderosa, mas suas flores, seus rebentos, sucumbiam em seco amparo. Tanto tempo no preparo, corolário de bons feitos, atraíram aos resultados, olhos gordos e sinistros, observam meus sucessos para esgotar meus sentidos.
Prima, primeira, sombra e mito que se aloja, só a espreitar melhor momento. Credo, carocha, bruxa, brocha, tacha e acacha minhas conquistas para sucumbir minhas vitórias. Pura lenda que não passa, prima história não se esgota.
2 comentários:
Mais uma vez teu jogo de palavras que consegue transformar o simples em um delicioso exercício de leitura
Maravilhoso!!!!!!!!!
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