14 setembro 2009

Segunda

Então, ou caminho sem rumo, ou fecho as janelas e esqueço que é dia. Síndrome de segunda-feira e nada como um iniciar de semana atrás do outro para perceber que a vida é um ciclo, melhor, um círculo, que se repete e não se fecha.

Acho graça das pessoas que vestem a primeira coisa que vem pela frente, mas, de onde sairam aqueles sapatos de cor lilás? Nada parecia combinar naquela composição de rua, e prendo o olhar em detalhes como as meias claras salientando o mau gosto dos passantes e dos calçados. Quando estou assim, tenho atração ao feio. Da menina pendurada, mais do que o carinho da mãe que corre atrasada, da roupa que sufoca de tão apertada, me chama o ranho, seco e pendurado, como cascas de falta de higiene dizendo: sou mal cuidada. Até os cães me aborrecem, passam a noite ao relento e no fundo, bem no fundo, acho que merecem. O mesmo pensar dos pedintes, dos jornaleiros que estão desde cedo acordados, dos que não despertaram por ressaca, os soltos e desamparados.

Hoje é segunda-feira, não há poesia fora do inusitado.

O sol não combina. Como, sob o calor, vestir um casaco. Mas vagueio mais um pouco, a busca do que não sera encontrado.