18 agosto 2008

Segunda -feira

Afasto as meias do teclado para ver se acho as letras. Tem mais de um copo aqui do lado, café e refrigerante, restos de um domingo de chuva assim como os farelos de bolachinha que jurei nunca mais comer junto ao computador. Olho de esquina para a cama desfeita há dois dias e desvio para a TV que não cobra, mas, não me diz nada. Sinto falta de algum dos felinos que ja tive e que fariam festa em tanta roupa espalhada. Se o círculo esta assim, quem dirá minha cabeça que insiste em se expressar.

Arredo os medos dos hormônios para ver se organizo meus pensamentos. Há vários sentidos tomando forma, pedaços de um dia mal aproveitado, borras de incongruências e bolhas de intenções não realizadas, que acreditei ter deixado de elevar junto a vida prática. Reflito por flagrante no leito desfeito e a vejo junto aos gatos como um delírio de instante. Se minha alma não se veste, por que me atrapalham os panos? Volto ao entorno e me reencontro.

Acolho um som que vem da rua, sirenes afastam o passado, enfim, hoje é segunda, mais do que eu, um dia prático. Por que dispensei a faxineira? Não vou seguir de carro! Gritos para que eu levante e arrume o corpo, considerar também os membros, enrijecer o tronco. Músculos mal aproveitados, olhos projetados por um sono sequelado. Bate o coração como bomba a espalhar apenas resultados. Contas, horas e trabalho, horas, roupas e retalhos. Invejo aqueles que se ajustam. Outra vez panos e gatos.

Não sei qual melhor argumento, o caos interno ou o intento? Lembro tanto de meus bichos que dispenso todos ritos. Mesmo assim vou-me embora, sem retorno mas com demora. Preferia o domingo mesmo com toda madorna.

16 agosto 2008

Arte

Em meio a tantos se aproxima. Passa entre, e chega até a parede branca, muito branca. Observa a tela de cimento e cal e lamenta não trazer seus instrumentos. Alheio ao povo que esbarra e segue, vaza o que o cândido vazio impulsa. Lateja uma vontade imensa, mas, sem grafite, grafita na idéia o que gravita além do que é possível ser percebido. Invade sentimentos vários, corre a mão no imaginário, traços e cores em especial agito. Aves encontram seus ares e seres mergulham em pura liberdade, treme em euforia solitária, perfeição de formas e juízo, nem abstrato nem definido, apenas sentido. Evitam, sem desculpas, passantes e corridos, entre as personas se afasta, falta público para egoísta arte, fica apenas a parede branca e a lamentável perca de uma oportunidade.

01 agosto 2008

Pelotas


Pelotas, originally uploaded by Camafunga.

Há mais de uma forma de enganar-se. Não sei se prefiro a rama ou o calcário, não defino quem chegou primeiro nem quem vai morrer a frente. 
Há mais de uma forma de assitir o mesmo evento, as ideias voam em perdidos entendimentos, ora gosta, ora repulsa. Aceito que devo me curvar as horas, mas não sei se sou de pedra ou sentimento.