28 outubro 2007

Culinária

Come-se a sopa pelas bordas.
A vingança é um prato que se come frio, como uma sopa.

Minha mãe tinha uma receita ótima, que como mãe, acabou não ensinando. Era para que a gente voltasse mesmo depois de saido debaixo de seu colo para provar e dizer que estava ótimo. Eu gostava de "canja de guampa" como ela denominava o prato a base de rês mas feito a semelhança de um caldo de galinha. Ali ia massa, verduras e tantos temperos que misturados a gordura da carne previamente frita na mesma panela, davam gosto de tudo, menos canja. Um dia, por me ver mais deprimido, ela me deu a receita, mas, mesmo com todo ensinamento, saiu apenas um arremedo. Naquele tempo eu tinha com quem dividir o prato e o gosto, mas não o significado.

As vezes esqueço detalhes como este, outras penso que não tive estes tipos de carinhos. Uma sopa e tantos sentidos, e nem era este que eu pensei em ser anunciado.

Acontece que o prato ainda esta quente e tenho medo de queimar os lábios, vejo mais o que esta no centro sem perceber o que já é possível pelos lados. Preciso ter um pouco mais de paciência. Minha mãe até deu a receita, mas não ensinou como se dá o deleite.

Camafunga

Este é Antenor Castro, mais de noventa anos, o "pai do Camafunga". Foi este senhor, amigo do meu pai, que há muitos anos deu este apelido, sei la de onde e sei lá porque. Nunca mais, por muito tempo, e muito mesmo, o havia visto, mas lembrava do rosto e fisionomia, confundindo um pouco com outros tantos senhores daquela época. Ele não imaginava que o nome seria personagem e que um dia ganharia vida. De qualquer modo, mesmo que agora nem se lembre, obrigado!

27 outubro 2007

Visão

Vi quando passou, era como se esperasse. Dificil digerir, mas não impossível.
O peito aperta pela imagem que se associa mas não mais o que devia.
Tinha opção e escolha, mas não maiores alternativas, alterno entre a certeza e a dúvida, entre a realidade e o que queria. Mesmo distante existe uma proximidade interna que não se desfaz tão fácil.
Tantas coisas neste meio, "Over, somewhere...", volta na praça, qualquer companhia pode ter seu preço. O meu é alto, mais do que mereço. Mesmo assim caminho e repito as voltas, as vezes me levam a calma, as vezes não levam a nada. Foi-se o tempo dos automóveis, meus pés estão ligeiros, as luzes ofuscam mas não adiantam, escondo a face no travesseiro. Portas fechadas, todo silêncio, a noite é longa para quem chegar primeiro.
Vi quando passou, imagem, não sou mais eu neste espelho!

23 outubro 2007

Nota da Madrugada 02

Sei que a cara deveria ser melhor, também a postura e a atitude.
Sei que o momento deveria ser mais pleno, como o tempo que não muda o rumo.
Sei que nem toda fala corresponde escuta e que o silêncio pode ser pior do que o grito.
Sei que o fim será pior para os mais fracos, menos equilibrados ou os mais aturdidos.
Sei que para tanto, quanto mais aos exageros, é preciso ter recursos, e recursos serão findos.
Sei que mesmo sem direcionamento a mim e a todos terá atingido.
Se sei tudo porque ainda penso, não havia conclusão prévia nem mensagem póstuma que avise?
Preciso melhorar a cara, a postura e a atitude.

17 outubro 2007

Sobre perdas...

Apenas o título.

12 outubro 2007

Para bom entendedor...meia pataca!

Chega o frescor do amanhecer e nem um traço de sono foi tirado, mesmo em casa com todos os ventos e chuvas que castigam, vem, por uma indiscreta janela, a frescura de uma juventude que se manifesta plena, plena de mim em todas trocas e indiscutíveis possibilidades, expontanea e leve sem o rancor das mágoas. Enquanto isso, só em sua fantasia pobre, Quixote dorme a postos com suas enfeitadas e inúteis armas. Assim será mais fácil, em breve, liquidarei sozinho meus próprios medo.