"Era o crepúsculo de uma tarde de inverno. O vento interrompera o tráfego no rio e soprava agora tempestuosamente, em rajadas coléricas, que estalavam como salvas de canhões sobre o oceano. A chuva caia em cordas oblíquas, alternativamente espessas e finas, e Jim vislumbrava, entre as lufadas, ameaçadoras visões das águas tumultuosas, pequenos barcos acotovelavam-se à margem, armações imóveis na bruma densa, grandes lanchas oscilando pesadamente presas a âncoras, proas que se erguiam e se abaixavam, numa nuvem de espuma... Havia na tempestade uma espécie de vontade furiosa, uma raivosa aplicação no ulular do vento e no tumulto do céu e do mar, que pareciam dirigidos contra ele e o deixavam anelante de de terror.
Acotovelavam-no.-"Armem o bote!" Dois jovens corriam perto dele..."
Lord Jim - J.Conrad
30 agosto 2007
Referência
Momento
Desta vez há um silêncio.
É o inverso do luto, mas não um ganho inesperado, um silêncio pela conquista, uma homenagem à luta, ao amor, à persistência, e, quem diria, à coragem.
A mim, por enquanto, obrigado!
27 agosto 2007
25 agosto 2007
23 agosto 2007
Soslaio
Começa pela maneira com a qual me atendeu o telefone, logo percebi o tom amável e um grande entusiasmo já a minha primeira pergunta. E nem exigi que se prolongasse tanto, mas, depois de longos minutos em que só pude ficar ouvindo em silêncio, entendi que ele estava era realmente realizado.
Não era esse o habitual, pelo contrário, geralmente me repassava a linha tal um atendente de departamento técnico, mas ali foi afetivo e detalhado como se fizesse questão de que tudo fosse comigo compartilhado. As vezes leva-se tempo para a satisfação, ou nem se acha, mas vejo que dai vem coisa boa, tenho, a cada dia, me afastado mais das infantis resistências e conseguido aproveitar o que nunca devia ter sido desperdiçado. O resto fica para mais adiante, voltarei ao fato.
15 agosto 2007
Inusitado
Tanto quanto encontrar Nietzsche num poste,
colocar a foto em post,
uma declaração de amor como suporte,
a minha depressão,
finda
por um passeio, acompanhada
passageira sorte.
Como o coveiro,
agente funerário,
que me visita como a morte, antes da hora marcada, e sem aviso, incomodado,
querendo adequar defunto a diagnóstico provisório .
São os caminhos desta tarde de fazer rir a quem me agrada
e fechar a cara para quem desafia,
da doçura e do enfrentamento, do perdido e pensamento.
Inusitado estar aqui sentado
decifrando e adulando os fatos
na simples procura por recados.
Ainda bem, Nietzsche,
pelo menos, sou amado!
Para a Vera
13 agosto 2007
Insônia
Espíritos agitados habitam meus sonhos, espero novo dia para poder acalma-los, mas, cada vez mais adaptados, retornam sem prévio aviso zombeteando das minhas escassas horas de descanso. Amanhã estarei me arrastando, mais um zumbi a procura de repouso, rogo uma trégua pois ainda há tempo, mas estou aqui vencido, desperto, escrevendo.
09 agosto 2007
Frio do Cão
Segundo os noticiários, a tanto, não fazia tantos dias de frio consecutivos e sem trégua, a tanto, os dias encurtados e corridos, empurram a rapidez das horas impedindo que também se congele o tempo.
No entanto, num átimo de sol, me encontro com imagens como esta que me remetem a outras, perdidas como algo esquecido ao freezer, oportunas para aquecer por hora.
04 agosto 2007
02 agosto 2007
Trépido
Onde deixei o juízo para sair assim neste frio intenso?
Ouço apenas o som do vento, num dia cinza, a perspectiva vence o medo
quero só, me encontrar sozinho.
Visto camadas de panos e pelegos, meias grossas sobre os pelos,
os olhos escapam da lã e tocas,
sou um bicho encurvado sobre o queixo, mas não reclamo,
quem resfria por gosto não congela, embora não sinta mais minhas pernas.
Aqueço o peito com as imagens,
há algo ali que me fascina,
mais do que o fogo que logo acaba, e se extermina,
preservo no clima minha paisagem,
estou sempre é de passagem,
Para onde vou? Hoje a antártida,
mas serve aqui, no sul extremo,
no gelo ou ou em qualquer outra fria parte