31 março 2007

Passeando

Tive tempo de caminhar. Não sei o que é pior, misturar a decadência das ruas com a perda das identidades ou ver um progresso arrastado ir derrubando as memórias. Tenho tempo para refletir, observo que envelhecem ao meu entorno, mas o que será que andei fazendo? Os poucos que me acompanharam, como os filhos, ia acostumando em suas mudanças, e na rapidez dos automóveis entre uma sala e outra pouco percebi sobre a dinâmica alternada das horas, nem do efeito de um sol mais constante sobre a pele. Me preservei foi pela penumbra de escritórios e talvez pela escassez de janelas, agora tenho tempo e penso enquanto avalio, "é melhor evitar ver foto antiga", cadê minha casa de revistas? O melhor cinema virou supermercado. Meus amigos não morreram mas alguns estão uns trapos. Com estas pernas posso ir longe, sem a atenção de painéis, escolho o tráfego, minha mão não é a direita, ou esquerda, é qualquer uma no espaço, nem preciso dar sinal, meu limite é só o cansaço. Aí paro, me reviso, vejo as casas mal cuidadas, vejo isso como aviso, viver acima de mais nada.

30 março 2007

Porta


Porta, originally uploaded by Camafunga.

24 março 2007

Águas de Março


Águas de Março, originally uploaded by Camafunga.

É pau, é pedra...

23 março 2007

Desenhando Passado

Tem épocas que me volta, outras perco o traço e a vontade, o acaso ou outra situação qualquer faz com com que me reencontre, aí surge o entusiasmo e como uma criança saio a consumir canetas, lápis de desenho, menos borrachas, engraçado, parece que apagar é o que não quero. E, quando penso que esta tudo perdido, surgem como imagens, falam por milhões de mensagens, mesmo que me faça de surdo, sobra a visão para tirar vantagem. Este ao lado, por exemplo, é um dos milhares de desenhos soltos em meus diários, nas agendas de compromisso que vez por outra contam também histórias, que nada tem a ver com as contas atrasadas, ou os compromissos inadiáveis, que nem precisavam de fato estar anotados. Me delicio em ve-las e descubro muito mais do que nas notas, uma história a ser desenvolvida, um resgate arqueológico de meus passos e sentimentos soltos, leve, em forma de riscos e bobagens. Acho que chegou a hora de le-los e é isso que estou fazendo, seja para dar um riso, ou para aprofundar em novos entendimentos.


18 março 2007

Cachorro dois


Sentinela, originally uploaded by Camafunga.

Quando não tem praia e esta chovendo, há sempre um cão em alguma parte.

12 março 2007

Memória 12.78

Ana Maria é um nome que eu não queria! As tardes são mais agradáveis, principalmente quando o céu fica nublado, são curtas estas férias, e eu nunca havia andado de barco. A casa, alugada, é um pouco mais que meia-água, mas tem um tanque protegido que esconde a roupa lavada. Há vantagem estar na orla, levando em conta que aqui é praia, tenho apenas quinze anos, nada novo me abala. Só esta tal Ana Maria, me persegue esta danada, não é amiga, nem parenta, uma presença inadequada.

O sol parte deixa o frio, a lagoa esta serena, há um bote me esperando, esperar não vale a pena. Cheiro a peixe, bate o vento, nem parece ser dezembro, traz o grito do convite um amigo de momento. Vejo a água, meia-praia, roupa suja lavo em casa, minha mãe ensina os modos, a menina é que é visita. Há um bote me esperando para levar a minha vida, posso ver além do tanque, não serei mais esperado. Tenho apenas quinze anos, quanto terá esta guria? A fazer-lhe companhia só fiquei por educado. Minha mãe ainda me paga, perdi da água a navegada, não foi dessa, custei tanto, quando deu não senti nada.

10 março 2007

Cachorro

Cão

Hoje a tarde na praia do Laranjal para estreiar a câmera nova. O Clima mais ameno também melhora as imagens.

06 março 2007

Desenhando



Este é para o Matheus que ainda bem, ainda brinca de carrinho, no Diário da MOrsa tem mais.

02 março 2007

A caminho...

Que barrigão! Brinquei um pouco sugerindo alto que o parto seria para agora, parte dos passageiros murmurou entre preocupação e ansiedade, até uma estudante, cara de enfermagem, perguntar sobre o intervalo das contrações falsas, e decepcionada, entristecer com a verdade com a qual desfiz a euforia de um parto em coletivo.

Adoro as músicas deste grupo, o vento no rosto é mais saudável do que ar condicionado e logo a dona da pança estava recuperada de sua pressão baixa, os cabelos esvoaçantes tornavam mais interessante a composição e até pude lhe observar bela, antes, talvez fosse proibido, assim como ter algum som no ônibus, antes, quando meu apurado gosto repudiava fato e repertório. Estava tudo calmo e não importava que eu já tivesse tido os filhos que esta vida havia me dado por direito, assim como ter mulheres barrigudas aparente e permanentemente férteis. Bela viagem!