27 novembro 2006

Lição de liberdade

Olhar para os lados, ambos os lados! Pensei que tivesse entendido, mas as coisas passam e as lições não se embaralham. Minha avó calma, mas ainda titubeante, tentava dar métrica a decisão do melhor momento. Atravessar ou esperar? Uma difícil compreensão do tempo, como entender o risco, por exemplo, de cruzar de uma vez, correndo. Carros, seres com vida incorporada, eram mais rápidos e traiçoeiros, mas eu, pequeno e meio máquina, é quem teria que usar de freios. Enormes monstros e prepotentes sobre rodas não ligavam a curta extensão de minhas pernas, nem o que envolvia de sofrimento e insegurança este aprendizado. Tempo, outra vez o tempo até aos poucos, ritmo, visão e escolha irem ficando mais simples, incorporados, afastando e deixando ao lado as mãos que tremem até ser possível chegar só ao outro lado. Cautela da velinha que nos adaptava, a ambos, por semelhante, mas oposta dificuldade.

Há um problema, nada a ver com a chance de escorregar em pedra lisa e ser atropelado, tão diferente e distante que não favorece a identidade. Será? Tudo parece tão difícil e preciso chegar a algo. Fixo os olhos em um só sentido e permaneço imobilizado. Há um problema e nenhuma resposta, apenas a imagem de monstros não caracterizados, algo de vida própria e desatinados. Lembro aqueles que não respeitavam minhas pernas e suspiro pela minha senhora e suas mãos que já não existem em forma. Lembro da lição do tempo e a clareza de que as mensagens se interagem. Calma, basta olhar para ambos os lados.

21 novembro 2006

MOrsa vence...

Definitivamente, ou talvez não tão definitivo assim, a MOrsa com todo seu tamanho vem tomando aos poucos o espaço que não lhe pertence, hoje seu diário além de roubar mais tempo e inspiração esta invadindo este que seria um local para as imaginações e estranhezas apenas do Camafunga. A brecha foi aberta porque deixo mais nas gavetas e cds textos prontos ou incompletos, o que antes fazia aqui, isso, também, porque outro dia dei de cara com um deles em outro site sem sequer menção ou crédito. Já as histórias pessoais são intransferíveis, amenos que tenha algum outro ou eu que não saiba, mas ai seria demais para ambos pois é um caso de esquizofrenia compartilhada o que sinceramente prefiro não estender na possibilidade.
Seguindo a lógica da falsa privacidade me dou o direito de pelo menos selecionar o que vem para esta primeira página, o resto fica a vontade de quem clicar no link ao lado.

Desjejum

Tenho pouco tempo para escrever algo, há a vontade e a dúvida do que seria, uma idéia mais que uma verdade, uma nota para comemorar um momento. O tema, os nós do nossos atos, como relatar o iniciar do dia, diferente de outros tempos.

"Meu café é frio e fraco, o leite é mais que o complemento, o teu é quente e preto, acolhes massa, doces, pão e fermento.
Desperto pronto ao movimento, as idéias criaram fila durante a noite, e querem sair em propostas e entendimentos, as tuas em torpor aguardam as horas e evitam quaisquer questionamentos."

Ah as idéias em carreirinha, tenho que solta-las em doses lentas, mas sinto mesmo, não tenho tempo. Há pouco agora para escrever algo, pelo menos sei o que seria, por aqui meu leite esfria, mas volto em outra hora, quem sabe ainda em outro dia.

17 novembro 2006

Windows

Estou de licença-férias no trabalho, cansado de não conseguir resolver "chongas" no sistema de saúde que faço parte, de ficar me arrastando sem chegar a nada assumi a necessidade de uma pausa imediata. Parece que os colegas não entenderam muito bem o porquê da folga pois não param de ligar para que siga tentando configurar os problemas. O problema não é mais meu, pelo menos por hora.

13 novembro 2006

Chiste

Diz-se do vinho, mordaz, aquele que tem garra, é incisivo, sem no entanto chegar a mostrar o defeito de um sabor áspero (dicionário do enólogo, tirado de algum lugar da internete).
Se fosse, eu, a bebida, talvez assim me classificasse, mas, a origem do meu mordaz é mais sonora e vem de mordaça, como fuga, uma explosão, um meio. A forma como as palavras fluem, mais do que isso, fogem entre frases não previstas ou menos pensadas ou elaboradas. Claro que vai ai um tanto de malícia acumulada, mas é pelo silêncio forçado, pelo reforço ético imposto, pelo rancor disfarçado que aprendi fazer a dissimulação pela graça, que surge, pela escapadela das malditas, ou bem ditas frases, ou ideias, ou imagens. A sátira sobrepõe ao medo, o inconsciente não é covarde. Mas, também não é verdade, que sarcasmos nem sempre cheguem ao recacho, a muitos já fiz ofendidos, mas, penso, como o vinho, escondo maior defeito e sobra apenas o aguado de um agravo. Um humor disfarçado, que pode ser cortante, mas poupa parte da verdade.
Se fosse vinho brindaria ao fato, já fui mais ácido a me corroer por dentro, prefiro o humor, mordaz, adeus mordaça.

09 novembro 2006

Tempo, tempo, tempo, tempo.. e alguns, penso.

Recebi, com certa tristeza, as imagens da tal festa que não "pude" comparecer. Teria me deprimido, é certo, não tanto pelos fatores históricos de identidade e afeto que me afastavam, mas, pelo elemento mais cruel, o tempo. Como envelheceram aqueles, meus colegas queridos! Eu não, talvez porque prefira ficar meio iludido, preservado, me achar mais inteiro.

02 novembro 2006

Hoje é dia de festa

É finados. Sou do tempo em que nem radio se ouvia, ou quanto muito estações mornas com músicas instrumentais, de preferência as clássicas e para os mais eruditos réquiens ou outros atos litúrgicos. Deve ser porque já fui católico, mas isso não faz mal porque também quase fui escoteiro.

01 novembro 2006

Esquetes e enquetes

No Perfumaria novos esquetes de stand up, desta vez com o Clube da Comédia numa performance de Henrique Pantarroto e apresentação de Marcelo Mansfield. Clube da Comédia

Depois de passar pela fase de edição esta publicada minha primeira colaboração no OVERMUNDO, o espaço é interessante para descoberta de atividades culturais espalhadas pelo país. Por falar nisso há referencia a Interação realizada aqui em Pelotas e que gerou tanta polêmica.